Filósofo José Gil alerta para a possibilidade de os protestos darem origem a violência
No programa "Gente que Conta", deste domingo, José Gil prevê uma mudança profunda da mentalidade dos portugueses.
“Pela primeira vez, os portugueses estão a entrar numa mudança da sua mentalidade profunda”, afirmou José Gil. “Eles já não se vão contentar com (…) o viver em círculo sempre, fugir sempre à realidade, numa irresponsabilidade. Não. Pela primeira vez o português encontrou a realidade. Como? Quando lhe tiraram tudo, todas as possibilidades. Ele agora já não tem que sonhar porque não pode sonhar.”
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“Pela primeira vez, os portugueses estão a entrar numa mudança da sua mentalidade profunda”, afirmou José Gil. “Eles já não se vão contentar com (…) o viver em círculo sempre, fugir sempre à realidade, numa irresponsabilidade. Não. Pela primeira vez o português encontrou a realidade. Como? Quando lhe tiraram tudo, todas as possibilidades. Ele agora já não tem que sonhar porque não pode sonhar.”
Sobre a manifestação do passado dia 2, que juntou pelo menos um milhão de pessoas nas ruas de várias cidades de Portugal, ela resultou de “um desejo de afirmação” e de “um protesto porque o que se está fazendo é a abolição da existência possível das pessoas”.
“Isto, para mim, é uma fase de um processo que pode ser gravíssimo, que pode dar violência.” E por isso também assustará o Governo. “O que mete medo ao Governo não são as manifestações dos sindicatos, dos partidos. Tudo isso está ordenado, está codificado, já se sabe para onde vai. Agora aquilo que é solto, que é imprevisível , (…) que não tem ideologia, pode ser impossível de captar e de domar e é disso que o poder tem medo.”
O poder actual “navega à vista”. “Quem governa?” O filósofo pergunta e responde: “A troika e Vítor Gaspar. Qual é a teoria económica? (…) Não há uma teoria global.”
Quando o tema é o Presidente da República, “a sua acção é insuficiente”, considera o filósofo que diz que tanto Cavaco Silva como os membros do Governo “estão a milhares de léguas da população e da realidade”.