Terreiro do Paço, onde não cabem 180 mil, ficou por encher
Organização estimou 800 mil manifestantes em Lisboa e um milhão e meio no país.
Pouco depois das 18h, já perto da hora em que seria cantada Grândola Vila Morena, as imagens áreas mostram zonas com muito pouca densidade de pessoas, sobretudo do lado oeste, o mais afastado do palco montado pela organização – algo também observado pelos repórteres do PÚBLICO no local. As imagens captadas a partir do palco davam a ideia de uma praça cheia. Mas as imagens aéreas revelavam a essa mesma hora uma realidade diferente.
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Pouco depois das 18h, já perto da hora em que seria cantada Grândola Vila Morena, as imagens áreas mostram zonas com muito pouca densidade de pessoas, sobretudo do lado oeste, o mais afastado do palco montado pela organização – algo também observado pelos repórteres do PÚBLICO no local. As imagens captadas a partir do palco davam a ideia de uma praça cheia. Mas as imagens aéreas revelavam a essa mesma hora uma realidade diferente.
Pouco antes, a organização do movimento Que se Lixe a Troika, promotor do protesto, tinha afirmado estarem em Lisboa 500 mil pessoas, um número muito superior ao que caberia na praça lisboeta para onde o fim do protesto estava agendado. Mais tarde, um elemento deste movimento disse ao PÚBLICO que os números se poderiam aproximar de um milhão; um outro apontou para os 400 mil e já ao início da noite a organização fez o balanço final: 800 mil em Lisboa e um milhão e meio no país.
O Terreiro do Paço, incluindo a zona de estrada por onde os carros circulam, e a zona do Cais das Colunas, em frente, por onde os manifestantes também se dispersaram, ronda os 44.000 metros quadrados, de acordo com medições feitas no programa Google Earth (o valor integra espaços como o ocupado pela estátua de D. José I, no centro, e o do palco montado pela organização, que não podem ser ocupados por pessoas).
Com uma multidão de densidade média – cerca de duas pessoas por metro quadrado –, o espaço fica cheio com 88 mil pessoas. Se a multidão for densa – três pessoas por metro quadrado –, cabem cerca de 132 mil pessoas. Caso toda a gente em toda a área do Terreiro do Paço e do Cais das Colunas estivesse próxima ao ponto de ter dificuldades em movimentar-se – umas quatro pessoas por metro quadrado, o que não foi o caso –, seria possível ter naquela área 176 mil pessoas.
As ruas que desembocam no Terreiro do Paço ainda tinham gente quando se cantou a Grândola, um pouco antes das 18h30. Mas estas acrescentam pouco à área total. A Rua Augusta, por exemplo, a principal da baixa lisboeta, tem aproximadamente 6500 metros quadrados, o que significa que consegue acomodar cerca de 20 mil pessoas se a densidade for superior a três pessoas por metro quadrado.
Já a faixa central da Avenida da Liberdade, por onde as imagens mostram que a manifestação circulou, tem 27 mil metros quadrados. A Praça dos Restauradores ronda os 15 mil metros quadrados e o Rossio ultrapassa os 17 mil metros quadrados. Estas três áreas integralmente preenchidas com uma multidão densa, de três pessoas por metro quadrado, rondariam as 177 mil pessoas.
Por comparação, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, entram diariamente no concelho de Lisboa, para estudar ou trabalhar, 425.737 pessoas; 171.738 fazem-no no Porto.
Por volta das 19h, havia ainda pessoas a chegar ao Terreiro do Paço, enquanto alguns manifestantes já abandonavam o local.
No Porto, o protesto terminou na zona da Avenida dos Aliados. Esta avenida e a Praça da Liberdade, que lhe é contígua no extremo sul, totalizam aproximadamente 25 mil metros quadrados, incluindo espaços como árvores e canteiros. Aqui, caberiam, com uma densidade de três pessoas por metro quadrado, 75 mil pessoas. De acordo com dados da organização, comunicados ao final da tarde, estiveram no Porto 400 mil manifestantes. Os organizadores avançaram ainda com sete mil manifestantes em Braga e outros tantos em Setúbal, três mil em Leiria e três mil na Marinha Grande.