Multimilionário quer casal americano aos comandos da primeira viagem tripulada a Marte
O multimilionário norte-americano Dennis Tito tem um novo projecto. Quer uma missão tripulada a Marte, com uma duração de 501 dias. Um casal é, para já, considerada a melhor equipa para o projecto.
Dennis Tito, de 72 anos, ficou conhecido como o “primeiro turista do espaço”, quando, em 2001, conseguiu, a troco de 20 milhões de dólares, um lugar no vaivém russo Soyouz com destino à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), onde esteve durante uma semana.
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Dennis Tito, de 72 anos, ficou conhecido como o “primeiro turista do espaço”, quando, em 2001, conseguiu, a troco de 20 milhões de dólares, um lugar no vaivém russo Soyouz com destino à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), onde esteve durante uma semana.
Agora quer oferecer a mesma experiência a outros norte-americanos e, por isso, anunciou, na quarta-feira, em conferência de imprensa, alguns detalhes da missão. “Esse périplo histórico de 501 dias, com o sobrevoo do planeta vermelho a menos de 160 quilómetros de altitude, é possível graças a um alinhamento planetário raro” que irá colocar Terra e Marte à mais curta distância possível em 2018, explicou. Além disso, Tito sublinha que o voo vai coincidir com um ciclo de baixa actividade solar, o que irá permitir que a equipa que integrará a missão fique menos exposta a radiações, aquele que é um dos maiores riscos da viagem.
A equipa, porém, não deverá ir além de duas pessoas voluntárias, e é aqui que surgem algumas exigências, além das que já existem para uma tripulação de missões espaciais. Através da sua organização, Inspiration Mars, Tito pretende que um casal de meia-idade, que pode ter filhos e que está disposto a arriscar a possibilidade de problemas de fertilidade devido à exposição à radiação durante um longo período de tempo, viaje durante 228 dias até Marte, dê a volta ao planeta a 160 quilómetros de altitude, e depois regresse à Terra, numa viagem que tem duração prevista de 273 dias. “Não enviamos humanos além da Lua há mais de 40 anos. Tenho estado à espera, e muitas pessoas da minha idade também têm estado à espera. Acho que chegou a altura de pôr um fim nesse lapso”, defendeu o multimilionário.
Responder a essa falha é um dos objectivos, mas Tito quer ir mais além. Trata-se de uma missão “para a América que vai gerar conhecimento, experiência e um ímpeto para a próxima grande era de exploração espacial e inspirará a próxima geração de exploradores”, agora ainda crianças.
As candidaturas à missão ainda não começaram, mas já há um casal que se voluntariou. Ele é Taber MacCallum, de 48 anos, e ela Jayne Poynter, de 50. MacCallum está envolvido neste projecto a nível profissional: é o chefe técnico do projecto. “Este é muito simbólico e precisamos realmente de representar a humanidade com um homem e uma mulher”, explicou. O facto de terem de ser casados é justificado com a necessidade de ter de existir uma forte ligação emocional. MacCallum diz ironicamente que olhar para a Terra a bordo de um vaivém não é uma coisa que se faça todos os dias. “Se isso não é assustador, não sei o que será”, desabafou, citado pelo The Telegraph.
Viagem em preparação
Os custos da missão serão suportados por apoios privados, mas Dennis Tito vai custear o arranque do projecto e ao longo de dois anos. O vaivém que irá levar o casal escolhido até Marte ainda não existe, mas terá que ter um sistema de apoio à vida humana semelhante ao utilizado nos aparelhos da NASA, a agência espacial norte-americana.
A bordo do vaivém, o casal terá que realizar tarefas como manter a habitabilidade do aparelho, conduzir experiências e reportar à equipa em terra os avanços da viagem.
A NASA não está na origem deste projecto. Em comunicado, a agência espacial não comenta a missão tripulada a Marte, que a própria só prevê para 2030, mas confirma que tem estabelecido contactos com a fundação Inspiration Mars de Dennis Tito, “para determinar como a fundação poderá colaborar em actividades que possam ser um complemento a esses voos espaciais tripulados e a projectos de exploração de Marte”.
John Logsdon, antigo director do Instituto de Política Espacial na Universidade George Washigton, admitiu, em declarações à AFP, que o projecto não é “impossível, mas é pouco plausível”, dando como exemplo a questão do financiamento e dos desafios tecnológicos para a tripulação.