ASAE encontra carne de cavalo em alimentos portugueses e instaura cinco processos-crime
A monitorização vai continuar, assegura o inspector-geral.
Cinco processos-crime foram instaurados contra empresas. A ASAE sublinha que não existe perigo para a saúde pública. António Nunes, inspector-geral da ASAE, confirmou à SIC-Notícias que 13 de 134 amostras recolhidas deram resultados positivos à presença de carne de cavalo em carne processada. Já foram retirados do mercado 79 mil quilos de carne processada, congelada, produzida a nível nacional e 18.839 embalagens de alimentos de origem internacional.
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Cinco processos-crime foram instaurados contra empresas. A ASAE sublinha que não existe perigo para a saúde pública. António Nunes, inspector-geral da ASAE, confirmou à SIC-Notícias que 13 de 134 amostras recolhidas deram resultados positivos à presença de carne de cavalo em carne processada. Já foram retirados do mercado 79 mil quilos de carne processada, congelada, produzida a nível nacional e 18.839 embalagens de alimentos de origem internacional.
"As apreensões foram efectuadas em estabelecimentos industriais de preparação, embalamento e distribuição de carnes no comércio a retalho" e "no comércio de retalho e distribuição", diz um comunicado entretanto publicado no site da ASAE.
"Estamos perante uma situação em que não há perigo para a saúde pública, mas de fraude sobre mercadoria com crime associado que pode ir até um ano de prisão”, explicou António Nunes. Os processos estão agora no Ministério Público.
Segundo o inspector-geral, não se sabe se esta carne de cavalo é de origem nacional porque o que foi analisado foi carne processada cuja origem pode vir de outros países europeus, “normalmente via Espanha”. As análises detectam só o ADN de cavalo.
A monitorização vai continuar, assegura o inspector-geral. “Enquanto não tivermos a garantia absoluta de que conseguimos erradicar do mercado nacional todos os produtos que possam ter uma informação errada para os consumidores, nós não vamos abrandar a situação”, disse António Nunes, acrescentando que só nesta terça-feira foram recolhidas sete amostras.
Na segunda-feira soube-se que foi encontrada carne de cavalo nas almôndegas congeladas de uma loja da empresa de mobiliário Ikea na República Checa. Em Portugal, um lote destas almôndegas foi retirado na sexta-feira por ser do mesmo fornecedor que também fornece a carne à Europa do Leste.
A Ikea acabou por suspender a venda de almôndegas em quase todos os países da Europa onde tem lojas. O gabinete de comunicação do Ikea nacional informou ainda ao PÚBLICO que foi enviado para análise uma amostra do lote que tinha sido retirado na sexta-feira para verificar se existe, de facto, carne de cavalo nestas almôndegas. “Só amanhã [quarta-feira] é que vamos ter resultados da análise”, disse Ana Teresa Fernandes, do gabinete de comunicação da empresa, nesta terça-feira, ao PÚBLICO.
A fraude da carne de cavalo começou em Janeiro, quando se descobriram no Reino Unido lasanhas da marca Findus que deveriam ser de carne de vaca, mas que tinham 100% de carne de cavalo. À medida que se foi encontrando carne de cavalo em alimentos transformados noutros países da Europa, como na Alemanha e na França, foi-se percebendo a dimensão da fraude, que torna a produção destes alimentos mais barata.
Em Portugal, já foi encontrada carne de cavalo na lasanha comercializada pela Nestlé em exclusivo para hotéis e restaurantes e em lasanha da marca EuroShopper que esteve à venda nas lojas Recheio.
Nesta terça-feira termina uma reunião de dois dias em Bruxelas com os ministros da Agricultura da União Europeia. Espera-se que a questão da rotulagem dos produtos alimentares com carne processada seja discutida, nomeadamente a hipótese de se referir a origem da carne na embalagem.