Presidente sul-coreana avisa Pyonyang de que não vai "tolerar" novos ensaios nucleares
Park Geun-Hye tomou posse perante milhares de pessoas em Seul. Primeiras palavras foram de alerta para o risco de segurança dos ensaios balísticos do país vizinho.
A cerimónia, em frente à Assembleia Nacional de Seul, contou com uma salva de 21 tiros e uma actuação do músico sul-coreano Psy, que se tornou um fenómeno mundial com a sua música “Gangnam Style”.
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A cerimónia, em frente à Assembleia Nacional de Seul, contou com uma salva de 21 tiros e uma actuação do músico sul-coreano Psy, que se tornou um fenómeno mundial com a sua música “Gangnam Style”.
Mas para além do espectáculo, a ocasião foi marcada pela sua advertência ao líder da vizinha Coreia do Norte, acompanhada por um apelo directo ao regime de Kim Jong-un para “abandonar as suas ambições nucleares sem mais demoras e embarcar no rumo da paz e desenvolvimento”.
“O recente teste nuclear da Coreia do Norte representa um claro desafio à sobrevivência e futuro do povo coreano”, advertiu Park Geun-Hye, que durante a campanha eleitoral tinha prometido trabalhar para reatar o diálogo e construir a confiança com Pyongyang, argumentando que o status-quo não servia a nenhum dos países.
Mas as manifestações de boa-vontade deram lugar a uma linguagem bastante mais dura após o ensaio nuclear do passado dia 12 de Fevereiro na Coreia do Norte, o terceiro consecutivo da era de Kim Jong-un.
Sublinhando que o seu Governo “não tolerará qualquer acção que possa ameaçar a vida do nosso povo e a segurança da nossa nação”, a Presidente sul coreana deixou claro que se o regime de não arrepiar caminho, acabará por ser “a principal vítima” das suas próprias iniciativas. “Que não fique nenhuma dúvida sobre isso”, reforçou.
“A confiança só pode ser construída através do diálogo e do respeito pelas promessas feitas. A minha esperança é que a Coreia do Norte cumpra as normas internacionais e faça as escolhas certas para que esse processo possa avançar”, disse.
Park Geun-Hye, de 61 anos, assume a presidência do país 50 anos depois do seu pai, que ascendeu ao poder num golpe militar e governou durante 18 anos, até ser assassinado (a Presidente também perdeu a mãe num ataque a tiro). Até hoje, o seu legado político é motivo de discórdia entre os sul-coreanos: para muitos, foi o principal responsável por um período de estabilidade e crescimento económico sem paralelo na história; para outros foi um líder autocrático que ignorou os direitos humanos e inviabilizou a oposição democrática.
Durante a campanha eleitoral, Park Geun-Hye reconheceu os excessos do regime do pai, e pediu desculpa às vítimas da violência do Estado, num saudado esforço de reconciliação no país. Hoje de manhã, prometeu um “Governo limpo, transparente e competente”. Os comentadores dizem que a reinterpretação do passado é uma questão arrumada – Park Geun-Hye traçou a sua própria carreira política desde que foi eleita pela primeira vez para a Assembleia Nacional, em 1998 – e que o principal desafio da nova Presidente tem a ver com a reanimação da economia sul-coreana, que se encontra num estado de estagnação.
A Presidente falou na necessidade de diversificar a economia e torná-la mais “criativa”, e repetiu as suas promessas de “democratização económica”, uma referência ao circuito fechado dos “chaebols” – os poderosos conglomerados dominados por algumas famílias, como por exemplo a Samsung, a LG ou a Hyundai.
“Temos de pôr fim às práticas que promovem injustiças e desequilíbrios [económicos] e rectificar alguns hábitos do passado, para que todos os agentes económicos possam desenvolver o seu máximo potencial”, disse.