Man Ray, um romântico em Londres
Mesmo depois de provar que podia olhar para a fotografia como um meio de possibilidades ilimitadas, Man Ray nunca deixou de pensar na pintura nem de transpor o que com ela tinha aprendido para as imagens icónicas que acabaram por marcar o seu trabalho.
Até 27 de Maio, a National Portrait Gallery (NPG), em Londres, apresenta uma retrospectiva de Man Ray - mais de 150 fotografias em provas vintage, feitas entre 1916 e 1968 -, naquela que diz ser a primeira grande exposição que o Reino Unido dedica ao retrato do modernista americano nascido em Filadélfia e associado ao movimento surrealista.
Man Ray Portraits traça um percurso cronológico em que é possível identificar as grandes mudanças na carreira e na vida do artista, entre Nova Iorque, Hollywood e Paris. E o que Man Ray (1890-1976) fotografou, na intimidade e fora dela, ajuda a contar a história do século XX. Tudo porque este filho de judeus russos que viria a ter por amigo Marcel Duchamp, figura-chave do Dada e do Surrealismo, e um dos artistas mais influentes de sempre, se rodeou de importantes pintores e intelectuais e, ao que parece, soube escolher as mulheres por quem se apaixonou. Lee Miller, a amante-assistente que se tornou fotógrafa, é uma das retratadas. Esta exposição é, de resto, como um "quem é quem?" das artes e da boémia da primeira metade do século XX, com espaço para actrizes, escritores e poetas: estão lá Picasso, James Joyce, Ava Gardner, Salvador Dalí, Duchamp, Georges Braque, Henri Matisse, Barbette, Coco Chanel, Igor Stravinsky, Kiki de Montparnasse, Wallis Simpson, Yves Montand, Jean Cocteau... E, para terminar, a loira mais famosa do cinema francês - Catherine Deneuve. Muitas destas fotografias, garante a NPG, nunca foram expostas no Reino Unido.
Através delas, os comissários quiseram mostrar, como defendia Duchamp, que "o grande talento de Man Ray era tratar a câmara fotográfica tal como tratava o pincel, como um simples instrumento da mente". Num ensaio que o editor Adrian Hamilton cita nas páginas do jornal The Independent, o próprio Man Ray é mais preciso: "A pintura é orientada do coração para o olhar. A fotografia da mente para o olhar. Mas o desejo e o amor pelo objecto orientam os dois meios. Um não se pode substituir ao outro."
Hamilton, que lembra que o artista tinha mais dificuldade em retratar homens porque eles estavam menos seguros do que queriam, defende que a qualidade do trabalho de Man Ray se devia, sobretudo, ao tratamento da luz e ao seu lado profundamente humano. "Afinal, Man Ray era um romântico. E no retrato encontrou uma maneira de expressar esse romantismo."
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Mesmo depois de provar que podia olhar para a fotografia como um meio de possibilidades ilimitadas, Man Ray nunca deixou de pensar na pintura nem de transpor o que com ela tinha aprendido para as imagens icónicas que acabaram por marcar o seu trabalho.
Até 27 de Maio, a National Portrait Gallery (NPG), em Londres, apresenta uma retrospectiva de Man Ray - mais de 150 fotografias em provas vintage, feitas entre 1916 e 1968 -, naquela que diz ser a primeira grande exposição que o Reino Unido dedica ao retrato do modernista americano nascido em Filadélfia e associado ao movimento surrealista.
Man Ray Portraits traça um percurso cronológico em que é possível identificar as grandes mudanças na carreira e na vida do artista, entre Nova Iorque, Hollywood e Paris. E o que Man Ray (1890-1976) fotografou, na intimidade e fora dela, ajuda a contar a história do século XX. Tudo porque este filho de judeus russos que viria a ter por amigo Marcel Duchamp, figura-chave do Dada e do Surrealismo, e um dos artistas mais influentes de sempre, se rodeou de importantes pintores e intelectuais e, ao que parece, soube escolher as mulheres por quem se apaixonou. Lee Miller, a amante-assistente que se tornou fotógrafa, é uma das retratadas. Esta exposição é, de resto, como um "quem é quem?" das artes e da boémia da primeira metade do século XX, com espaço para actrizes, escritores e poetas: estão lá Picasso, James Joyce, Ava Gardner, Salvador Dalí, Duchamp, Georges Braque, Henri Matisse, Barbette, Coco Chanel, Igor Stravinsky, Kiki de Montparnasse, Wallis Simpson, Yves Montand, Jean Cocteau... E, para terminar, a loira mais famosa do cinema francês - Catherine Deneuve. Muitas destas fotografias, garante a NPG, nunca foram expostas no Reino Unido.
Através delas, os comissários quiseram mostrar, como defendia Duchamp, que "o grande talento de Man Ray era tratar a câmara fotográfica tal como tratava o pincel, como um simples instrumento da mente". Num ensaio que o editor Adrian Hamilton cita nas páginas do jornal The Independent, o próprio Man Ray é mais preciso: "A pintura é orientada do coração para o olhar. A fotografia da mente para o olhar. Mas o desejo e o amor pelo objecto orientam os dois meios. Um não se pode substituir ao outro."
Hamilton, que lembra que o artista tinha mais dificuldade em retratar homens porque eles estavam menos seguros do que queriam, defende que a qualidade do trabalho de Man Ray se devia, sobretudo, ao tratamento da luz e ao seu lado profundamente humano. "Afinal, Man Ray era um romântico. E no retrato encontrou uma maneira de expressar esse romantismo."