Ponte pedonal sobre a Segunda Circular, em Lisboa, atrasada quase um ano
Projecto ia custar 1,2 milhões à Fundação Galp, mas uma derrapagem orçamental obrigou a ajustes e atrasou a obra.
O projecto inclui a ponte que vai ligar a ciclovia de Telheiras à zona das Torres de Lisboa, junto à Estrada da Luz e à sede da Galp, os acessos e a extensão daquela ciclovia. Estava orçado em 1,2 milhões de euros, que seriam pagos pela Fundação Galp Energia. No entanto, registaram-se "alguns atrasos na fase de análise e negociação dos contratos de empreitada, o que impediu o arranque das obras", diz a Galp, através do seu gabinete de imprensa.
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O projecto inclui a ponte que vai ligar a ciclovia de Telheiras à zona das Torres de Lisboa, junto à Estrada da Luz e à sede da Galp, os acessos e a extensão daquela ciclovia. Estava orçado em 1,2 milhões de euros, que seriam pagos pela Fundação Galp Energia. No entanto, registaram-se "alguns atrasos na fase de análise e negociação dos contratos de empreitada, o que impediu o arranque das obras", diz a Galp, através do seu gabinete de imprensa.
O orçamento previsto para a obra derrapou após a contratação, o que obrigou a ajustes no projecto. A Galp não adianta que alterações foram feitas nem quando é que a obra poderá avançar. Garante apenas que "continua empenhada na concretização deste importante equipamento para a cidade". Contactado pelo PÚBLICO, fonte do gabinete do vereador municipal do Espaço Público, Sá Fernandes, diz apenas que acredita que a obra vai avançar "em breve" e que a câmara mantém o interesse na sua concretização.
O presidente da Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica, uma das abrangidas por esta ponte, nada sabe. "Nunca fomos tidos nem achados, há um distanciamento muito grande entre a câmara e as juntas", lamenta Rodrigo Gonçalves. Do que o autarca tem a certeza é de que "um milhão de euros, na situação em que estamos, seria um valor mais útil para criar um fundo de apoio social e ajudar as pessoas, que até para comer precisam de apoio". Embora admita que "faz sentido que os privados invistam" em novas infra-estruturas, Rodrigo Gonçalves não acredita na utilidade do investimento. "Duvido que por ali passem muitas pessoas", afirma.
Essa não era, pelo menos em Setembro de 2011, a opinião de António Costa, que se referiu ao projecto como "o primeiro passo para a humanização da Segunda Circular", uma via rápida que representa uma "cicatriz violentíssima" da separação entre o Norte e o Sul da capital. Nessa altura, o presidente da Junta do Lumiar, Nuno Roque, dizia ao PÚBLICO que a passagem iria beneficiar os alunos da nova Escola de Telheiras n.º 2 e, por isso, apesar de "tardia", era "positiva".
Não é a primeira vez que o projecto sofre contratempos. Quando foi assinado o protocolo entre a Câmara de Lisboa e a Fundação Galp Energia, em 2009, anunciou-se que a ponte deveria ficar pronta em 2010. Mas o plano teve de ser alterado. Inicialmente estava prevista a instalação de ventoinhas na parte inferior da ponte, para aproveitar o vento gerado na via e produzir energia, uma hipótese abandonada por questões orçamentais.
De acordo com o plano apresentado em 2011, o tabuleiro da ponte – que será pintado de laranja (cor da empresa financiadora) e apenas vai ser montado no local, depois de construído – terá cerca de 400 metros de extensão e vai ficar a 5,5 metros de altura em relação à Segunda Circular. A obra, em aço, vai ter seis entradas – quatro com rampas para bicicletas ou skates e duas com escadas. A parte superior do tabuleiro vai ser iluminada com tecnologia LED. Os arquitectos inspiraram-se nas azinhagas que existiam no local antes de a via rápida ser rasgada.
O projecto é da autoria de Telmo Cruz e Maximina Almeida, do gabinete de arquitectura MXT, que venceram um concurso de ideias lançado aquando da Experimenta Design 2009. O responsável pela engenharia é António Adão da Fonseca, que esteve envolvido em obras como a Ponte Vasco da Gama.