Remessas de emigrantes atingem valor mais alto da última década
Metade do valor vem de países da União Europeia.
O boletim estatístico do banco central dá ainda conta da continuação da quebra das remessas de imigrantes em Portugal, na ordem de 10 por cento no ano passado, para 525,5 milhões de euros.
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O boletim estatístico do banco central dá ainda conta da continuação da quebra das remessas de imigrantes em Portugal, na ordem de 10 por cento no ano passado, para 525,5 milhões de euros.
O valor de remessas de emigrantes portugueses é o mais alto desde os 2,82 mil milhões de euros registados em 2002.
Mais de metade deste valor continua a chegar de emigrantes em países da União Europeia, cerca de 1,51 mil milhões de euros, e deste valor mais de metade chega por sua vez de França, um quarto do total mensal, com 846,1 milhões de euros.
França foi, contudo, das poucas origens de remessas a registar um decréscimo, dos 867,6 milhões de euros registados em 2011, por sua vez inferiores aos 899 milhões de 2010.
Forte aumento registaram a Alemanha, de 113,4 milhões de euros para 172,9 milhões em 2012, e Espanha, de 88,4 milhões de euros para 129,9 milhões, mas também Holanda, Itália, Reino Unido e Suíça.
A maior subida registou-se no grupo PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), que escalou de 155,3 milhões em 2011 para 278,7 milhões em 2012.
Em Dezembro, o valor das remessas dos emigrantes atingiu os 290,8 milhões de euros, mais 16% que o valor registado no mês homólogo.
Quanto às remessas de imigrantes em Portugal, destacam-se as quebras para o Brasil, de 277,6 milhões de euros para 225,6 milhões de euros.
Os PALOP registaram um aumento, de 36,9 milhões de euros para 41,9 milhões de euros, recuperando depois de duas quebras sucessivas em 2010 e 2011.
O secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, já reagiu a estes números dizendo que o crescimento de 13% nas remessas dos emigrantes traduz confiança no sistema financeiro e "uma grande vontade" das comunidades de ajudarem Portugal.
"Esse valor corresponde à previsão que tínhamos feito no início do ano. Resulta de um aumento da emigração portuguesa, isso é inquestionável, mas traduz essencialmente confiança nos bancos, no sistema financeiro português, e uma grande vontade das nossas comunidades de colaborarem na recuperação do país e no apoio às suas famílias", disse José Cesário à agência Lusa.
Por seu lado, o presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas, Fernando Gomes, disse que não é surpresa o aumento da remessa dos emigrantes portugueses e previu que em 2013 será batido novo recorde.
"Este número não me surpreende de maneira nenhuma porque, pelos números estatísticos da emigração que nós sabemos desde há cerca de ano e meio, a saída continuada de emigrantes, isso só mostra e comprova, no fundo, o estado crítico em que se encontra o país", salientou Fernando Gomes.
"Vamos bater no fundo este ano", considerou, prevendo que em 2013 voltará a bater-se um recorde de remessas dos emigrantes, até porque o peso da carga fiscal assim o obriga para muitas pessoas, e a "família tem também de viver".
Salientando que os números correspondem às dificuldades do país, Fernando Gomes recordou que as pessoas abandonam Portugal à procura de "manter uma certa qualidade de vida ou para manter um status de sobrevivência económico-financeira da família que deixam atrás".
Fernando Gomes criticou a revisão do Imposto Municipal sobre Imóveis e diz que as famílias portuguesas estão empenhadas com três problemas: "a renda, a amortização da casa e o IMI".
"O IMI teve um ajustamento quanto a mim um bocadinho selvático e as pessoas este ano vão saber as consequências. Este ano vai ser um peso e uma carga terrível e com esses compromissos de despesas inerentes as pessoas vão ter cada vez que mandar mais dinheiro", concluiu.