D. Carlos Azevedo nega acusações de assédio sexual
Bispo diz que é uma pessoa calorosa e que é com essa atitude que recebe as pessoas que o procuram em dificuldades, mas nega qualquer "atitude imoral".
O ex-bispo auxiliar de Lisboa, e actual membro do Conselho Pontifício da Cultura do Vaticano, disse na noite desta quarta-feira ao PÚBLICO que já tinha ouvido uns "zunzuns" sobre uma queixa contra si, mas que "nem pessoalmente nem institucionalmente" foi informado da mesma. "A Nunciatura nunca falou comigo, nunca fui chamado a depor." Mais: nunca recebeu "um reparo". E lamenta o "sencionalismo" que "destrói a vida das pessoas".
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O ex-bispo auxiliar de Lisboa, e actual membro do Conselho Pontifício da Cultura do Vaticano, disse na noite desta quarta-feira ao PÚBLICO que já tinha ouvido uns "zunzuns" sobre uma queixa contra si, mas que "nem pessoalmente nem institucionalmente" foi informado da mesma. "A Nunciatura nunca falou comigo, nunca fui chamado a depor." Mais: nunca recebeu "um reparo". E lamenta o "sencionalismo" que "destrói a vida das pessoas".
A revista Visão, que vai para as bancas nesta quita-feira, relata que foi em 2010 que um padre do Porto apresentou uma queixa ao núncio apostólico, apresentando-se como uma das vítimas de assédio. Ao PÚBLICO, D. Carlos Azevedo diz que tem "um jeito de ser caloroso, afectivo", para com as pessoas que o procuram para falar das suas dificuldades, mas que "nunca houve qualquer relação que justificasse a ideia [de que houve] qualquer atitude imoral". E fala de uma possível "incompreensão por parte de outras pessoas".
Os alegados casos de assédio a membros da Igreja Católica Portuguesa remontam aos anos 1980, mas só terão sido conhecidos após uma denúncia feita em 2010 ao núncio apostólico em Portugal.
O representante da Santa Sé terá recebido uma queixa de um sacerdote e actual coordenador nacional das capelanias hospitalares, validando-a e desencadeando um inquérito realizado pela Nunciatura que, segundo a Visão, permitiu referenciar outros casos suspeitos.
A revista revela ainda, segundo a Lusa, que a investigação foi efectuada com conhecimento e colaboração de sectores da hierarquia católica.
O resultado das diligências por parte da Nunciatura não é conhecido, mas, em Novembro de 2011, aquele que era apontado como possível sucessor do cardeal-patriarca, José Policarpo, foi nomeado delegado do Conselho Pontifício da Cultura.
Uma nota hoje divulgada pelo porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Manuel Morujão, e citada pela Lusa, diz que o bispo Carlos Azevedo, "envolvido em acusações de comportamentos impróprios", conta com a "oração fraterna" do episcopado.
"Contrariando as nossas expectativas, vemos que o nome do bispo D. Carlos Azevedo, actualmente em Roma, está envolvido em acusações de comportamentos impróprios, não conformes com a dignidade e a responsabilidade do estado sacerdotal", sublinha a CEP. Os bispos sublinham que não podem nem devem "julgar apressadamente" sobre a veracidade dos relatos, mas recordam que de qualquer membro da Igreja se espera um comportamento exemplar", sobretudo "por quem se comprometeu a viver o celibato sacerdotal".
O comunicado termina referindo que Carlos Azevedo pode contar com a “solicitude” dos bispos e com a sua “oração fraterna”.