Grândola viral

É por isso que o Governo está tão preocupado. Como se controla uma manifestação assim? Não se controla. Uma só voz que se levante numa sala cheia tem a capacidade de criar um coro que cala quem está habituado apenas a ser ouvido. Agora é o cidadão comum que quer ser ouvido.

Podemos tentar encontrar razões para estes protestos, mas parece um exercício inútil. Não estamos todos a viver neste país neste momento? Não sabemos todos o ponto em que estamos, mesmo que sejam diversas as opiniões sobre as causas e as consequências?

Como se controlam manifestações avulsas, espontâneas e desenquadradas politicamente? Não se controlam. Evitam-se. Não fechando as portas dos palácios, porque elas não serão suficientes para conter a indignação. Nem evitando os contactos com as pessoas, porque a sua voz virá sempre pelas ondas hertzianas e electrónicas.

Os políticos têm agora de aprender a falar uma linguagem de dois sentidos: falar como quem sente e ouvir como quem aprende. Reconhecer. E terão de o fazer depressa. Ou ainda vão ter saudades das manifestações em que se atiravam pedras. Contra essas, bastonada basta.
 
 

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

É por isso que o Governo está tão preocupado. Como se controla uma manifestação assim? Não se controla. Uma só voz que se levante numa sala cheia tem a capacidade de criar um coro que cala quem está habituado apenas a ser ouvido. Agora é o cidadão comum que quer ser ouvido.

Podemos tentar encontrar razões para estes protestos, mas parece um exercício inútil. Não estamos todos a viver neste país neste momento? Não sabemos todos o ponto em que estamos, mesmo que sejam diversas as opiniões sobre as causas e as consequências?

Como se controlam manifestações avulsas, espontâneas e desenquadradas politicamente? Não se controlam. Evitam-se. Não fechando as portas dos palácios, porque elas não serão suficientes para conter a indignação. Nem evitando os contactos com as pessoas, porque a sua voz virá sempre pelas ondas hertzianas e electrónicas.

Os políticos têm agora de aprender a falar uma linguagem de dois sentidos: falar como quem sente e ouvir como quem aprende. Reconhecer. E terão de o fazer depressa. Ou ainda vão ter saudades das manifestações em que se atiravam pedras. Contra essas, bastonada basta.