Navios chocam durante protesto contra a caça à baleia na Antárctida

Sea Shepherd diz que baleeiro japonês se lançou contra dois navios dos ecologistas.

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Os ecologistas exigem a presença da Marinha australiana no local, alegando que é preciso garantir o cumprimento da lei e restaurar a ordem.

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Os ecologistas exigem a presença da Marinha australiana no local, alegando que é preciso garantir o cumprimento da lei e restaurar a ordem.

Desde Novembro que a Sea Shepherd tem no local um batalhão de recursos para tentar, mais uma vez, impedir a caça à baleia, que os japoneses praticam com o argumento de que se trata de investigação científica. São quatro navios, um helicóptero, três veículos aéreos não-tripulados e cerca de 100 pessoas. Os ecologistas fazem de tudo para perturbar a actividade dos japoneses, cortando-lhes o caminho, subindo a bordo das suas embarcações, atirando-lhes objectos.

Esta quarta-feira, os confrontos resultaram na colisão do navio japonês Nisshin Maru com duas das embarcações do Sea Shepherd. A organização diz que o choque foi intencional. “O Nisshin Maru atirou-se contra o Steve Irwin e o Bob Barker, mas ambos os navios continuam a manter as suas posições. Está a entrar água para os motores do Bob Barker”, disse o fundador da Sea Shepherd e comandante da operação, Paul Watson, numa curta mensagem no Facebook.

Mais tarde, Watson disse a uma cadeia de televisão australiana – a 3 News – que as embarcações estavam a tentar impedir que o Nisshin Maru se reabastecesse no mar, a partir de um navio-tanque sul-coreano. Ainda segundo Watson, o baleeiro terá investido várias vezes contra os ecologistas e acabou por chocar também com o navio-tanque.

O navio Bob Barker ficou sem electricidade, sem o mastro principal e com o casco amolgado, mas os seus 38 tripulantes conseguiram conter a entrada de água.

A Sea Shepherd emitiu um sinal de socorro e exigiu ao Governo australiano que envie navios para o local, perto da Estação Casey de Investigação, que o país mantém na Antárctida. Um dirigente da Sea Shepherd disse, em Melbourne, que o episódio representa “uma violação grosseira da legislação internacional pelos japoneses”.

O Instituto de Investigação de Cetáceos, responsável pelas missões japonesas de caça à baleia, tem a opinião contrária e  tem repetidamente acusado a Sea Shepherd e também a organização internacional Greepeace de utilizarem métodos ilegais e violentos. Em vários comunicados no seu <em>site</em> na Internet, o instituto insurge-se contra os ecologistas por atirarem bombas de fumo, garrafas com ácido, petardos e até raios laser de elevada potência contra os navios japoneses, entre outras tácticas ou manobras que a instituição considera ilegais.

“Tais acções perigosas destes grupos não são um protesto pacífico, mas actos imperdoáveis, próximos do terrorismo, que ameaçam a vida humana no mar”, refere o instituto, numa nota na Internet. Na semana passada, o instituto chamara a atenção para o facto de os navios dos ecologistas terem quase colidido com o navio Yushin Maru 2.

Um tribunal norte-americano proibiu, em Dezembro, a organização Sea Shepherd de se aproximar além de 500 metros dos baleeiros japoneses nos mares da Antárctida.

Paul Watson, por sua vez, está na mira da Interpol, devido a um processo em que é acusado de ter colocado em perigo a tripulação de uma embarcação que caçava tubarões na Costa Rica, em 2002.

O Japão caça centenas de baleias todos os anos, alegadamente para fins científicos – uma das excepções da Comissão Baleeira Internacional à moratória à captura comercial adoptada em 1986.