Prisa diz que Pais do Amaral “ficará sempre ligado” à TVI, mas está aberta a ouvir ofertas
Miguel Pais do Amaral tem até próximo dia 23 para decidir se reforça até 10% do capital da Media Capital, ou se devolve aos donos espanhóis da TVI, arrecadando as mais-valias negociadas, a posição accionista que adquiriu em 2011 – 70% de um bloco de 10% estimado nessa altura em 35 milhões de euros.
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Miguel Pais do Amaral tem até próximo dia 23 para decidir se reforça até 10% do capital da Media Capital, ou se devolve aos donos espanhóis da TVI, arrecadando as mais-valias negociadas, a posição accionista que adquiriu em 2011 – 70% de um bloco de 10% estimado nessa altura em 35 milhões de euros.
O negócio dava ainda a Pais do Amaral uma opção de compra de mais 20% do capital da Media Capital até ao final de um ano, opção que o gestor não exerceu em Fevereiro de 2012.
“As nossas relações com Miguel Pais do Amaral são esplêndidas. Qualquer que seja o desfecho das conversações [até ao final da semana], o Miguel Pais do Amaral vai continuar ligado a nós. Estamos muito satisfeitos com Miguel Pais do Amaral, é um amigo, é o criador do êxito da Media Capital. Portanto, de uma forma ou outra, ele ficará sempre ligado no futuro próximo tanto à Media Capital como à Prisa, seja qual for a posição accionista que tiver”, disse à Lusa Juan Luis Cébrian.
O gestor do maior grupo ibérico de comunicação social fez ainda questão de desmentir rumores segundo os quais a Prisa estaria em conversações com dois investidores, interessados, pelo menos, nos 30% do capital da Media Capital que a Prisa colocou em 2011 à disposição de Miguel Pais do Amaral. Cebrián mostrou-se, em todo o caso, aberto a ouvir “qualquer oferta”.
“Não temos nenhum plano nem tivemos quaisquer conversações, mas qualquer sugestão ou oferta é bem-vinda e estudá-la-emos”, afirmou.
A comunicação social portuguesa deu conta no passado fim-de-semana da eventual existência de interessados estrangeiros em entrar na Media Capital, agora que foi abortado o processo de privatização da RTP.
“Quanto aos rumores - diz Cebrián -, não temos, neste momento, conversações com ninguém. Se há dois interessados, que falem com Rosa Cullel, que é a administradora-delegada da Media Capital. Nós não temos neste momento conversações com ninguém”, disse.
Sobre se a Prisa estaria aberta a ouvir uma proposta de compra acima do capital que possa estar neste momento interessada em alienar, o presidente executivo do grupo espanhol deixou claro que “a Prisa está no mercado”. “Se alguém quiser fazer uma oferta, nós ouvimos. Mas até agora não recebemos ninguém”, disse.
Fontes do mercado disseram à Lusa que um eventual obstáculo à entrada na Media Capital poderia ser o elevado valor a que a dona da TVI está registada nos livros da Prisa, um valor muito acima do de mercado, mas Cebrián desvaloriza o problema.
“Não há nenhum problema com o ‘write-off’. Já fizemos em 2011 uma revisão do valor da empresa, fizemos um ‘write-off’ muito grande em relação à Media Capital, na ordem dos 300 milhões de euros -- [o que colocaria o valor da empresa na ordem dos 400 milhões de euros]. Não me lembro bem, não tenho comigo os números. Mas o ‘write-off’ não é um problema”, disse.
Porém, fez questão de sublinhar em seguida, que a Prisa não tem nenhum problema com a Media Capital.
“Estamos muito satisfeitos com a empresa. A empresa está bem, está a resistir muito bem à crise. As rádios do grupo Media capital estão inclusivamente a crescer no meio da crise. Temos uma boa equipa de profissionais, estamos muito satisfeitos e não temos nenhum interesse em abandonar a nossa posição accionista”. “Dito isto, naturalmente, se houver ofertas nós ouvi-las-emos”, disse.
A capitalização bolsista da Media Capital encontra-se actualmente nos 187 milhões de euros - número que compara com 710 milhões em 31 de Dezembro de 2005, ano em que a Prisa adquiriu a empresa a Miguel Pais do Amaral. Já o valor contabilístico da empresa estava estimado em 605 milhões de euros em 2005, tendo caído para os 73,53 milhões em Setembro de 2012.