Amazon alemã acusada de usar neonazis para vigiar trabalhadores imigrantes
Documentário diz que seguranças, com vários sinais de serem de extrema-direita, vigiam os trabalhadores 24h por dia.
Um dos aspectos perturbadores é que estes trabalhadores – a maioria espanhóis, polacos, húngaros – são vigiados permanentemente por trabalhadores de empresas de segurança. E muitos destes têm sinais de pertencerem a grupos neonazis. Não só têm cabeças rapadas e botas, o código clássico, como muitos usavam roupa da marca Thor Steinar, que é de tal modo associada aos neonazis que é proibida a entrada a pessoas que a usem no Parlamento e em estádios de futebol (e é também essa a razão pela qual a própria Amazon alemã não a vende).<_o3a_p>
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Um dos aspectos perturbadores é que estes trabalhadores – a maioria espanhóis, polacos, húngaros – são vigiados permanentemente por trabalhadores de empresas de segurança. E muitos destes têm sinais de pertencerem a grupos neonazis. Não só têm cabeças rapadas e botas, o código clássico, como muitos usavam roupa da marca Thor Steinar, que é de tal modo associada aos neonazis que é proibida a entrada a pessoas que a usem no Parlamento e em estádios de futebol (e é também essa a razão pela qual a própria Amazon alemã não a vende).<_o3a_p>
Num dos centros da Amazon alemã, os guardas são da empresa HESS, uma sigla para Hensel European Security Services e, coincidência ou não, também o nome de Rudolph Hess, o vice de Hitler. <_o3a_p>
Os trabalhadores ouvidos contaram como a vigilância não abranda nunca. “Eles entram nos quartos quando as pessoas não estão lá. E também quando estão, quando estão a dormir, ou a tomar banho”, contou Silvina, uma professora de Arte espanhola, que trabalhou temporariamente na Amazon para ganhar dinheiro para a família (o marido e três filhos).<_o3a_p>
Outra espanhola, Maria, contou como foi despedida de um momento para o outro, aparentemente por secar roupa num aquecedor. Os guardas esperaram que ela acabasse de fazer as malas com os faróis apontados para a sua janela. <_o3a_p>
Os próprios jornalistas da ARD foram alvo destes guardas – quando descobriram que estavam a filmar, entraram no seu quarto (os repórteres estavam no mesmo hotel barato que os trabalhadores) e pediram-lhes o material filmado. Só depois de chamada a polícia os jornalistas conseguiram sair do quarto, cerca de uma hora depois, contou a realizadora Diana Löbl ao Süddeutsche Zeitung. “Sentimo-nos ameaçados”, disse.
Apelos a boicote
Nas redes sociais, muitos consumidores apelaram ao boicote à empresa. O Facebook da Amazon estava cheio de comentários incrédulos e de reprovação. "Desumano", "nojento", "incrível".
A Amazon vende de tudo, de livros a produtos de mercearia, de roupa a electrodomésticos, sendo o mercado alemão o segundo para a empresa logo a seguir ao norte-americano. A Amazon.de é a maior loja online no mercado alemão, com uma quota de mercado de 25%, e teve receitas de 6,8 mil milhões de euros no ano passado. A empresa tem 7700 trabalhadores permanentes na Alemanha e ainda mais de 5000 temporários na altura do Natal.<_o3a_p>
A empresa já disse que ia investigar as alegações feitas no documentário, embora sublinhasse que as empresas de segurança não são contratadas directamente pela Amazon, e lembrando que é do seu interesse que o ambiente de trabalho seja seguro para todos.<_o3a_p>
O documentário da ARD dizia ainda que a empresa de trabalho temporário que contrata os empregados paga afinal menos do que era publicitado nos anúncios nos países, e que na Alemanha os trabalhadores eram levados do alojamento para o trabalho por autocarros da empresa que não eram muito frequentes, o que levava a longas esperas ao frio no final do turno ou mesmo a que os trabalhadores não conseguissem chegar a tempo ao início do turno.<_o3a_p>