Passageiros em terra após dias de “condições desumanas” num cruzeiro

Incêndio a bordo deixou o navio sem energia e, pior, sem sistema de esgotos. Havia quartos inundados e o cheiro era nauseabundo.

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O drama foi acompanhado pelas televisões norte-americanas, que foram ouvindo descrições dos passageiros antes de o navio ter atracado em Mobile, Alabama.

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O drama foi acompanhado pelas televisões norte-americanas, que foram ouvindo descrições dos passageiros antes de o navio ter atracado em Mobile, Alabama.

É o último incidente envolvendo a empresa Carnival Corp, a mesma proprietária do Costa Concordia, que naufragou ao largo de Itália, matando 32 pessoas.

“Imaginem o nojo”, dizia um passageiro, Jacob Combs. “É desumano.” Quando a energia falhou e a rede de esgotos deixou de funcionar, alguns canos transbordaram deixando muitas cabinas e corredores completamente ensopados.

Antes de ficarem sem bateria nos telemóveis, os passageiros foram descrevendo ao mundo exterior como alguns estavam a ficar doentes e como receberam instruções para usar sacos de plástico como casas de banho improvisadas.

Só o desembarque demorou mais de quatro horas. Quando o navio atracou, muitos acenavam a quem estava em terra e gritavam “deixem-me sair, deixem-me sair”. Alguns cartazes improvisados mostravam alívio, um com o título da canção Sweet home Alabama outro com um humor mais negro: “O navio está à tona, o esgoto também.”

Muitos passageiros não conseguiram ficar nas suas cabinas por causa do problema dos esgotos, mas também por causa do fumo do incêndio. As pessoas mais perto do motor tiveram de dormir os restantes dias no convés.

“O último dia foi especialmente mau, porque sabíamos que estávamos tão perto de terra”, contou Clark Jones. O grande navio, de 275 metros, demorou seis horas a atravessar um canal de 50 quilómetros para as docas de Mobile, sendo a maior embarcação que alguma vez lá atracou.

O navio tinha deixado Galveston, Texas, uma semana antes, com 3143 passageiros e uma tripulação de 1086 pessoas. Deveria regressar na segunda-feira.

Depois de desembarcarem, muitos passageiros ainda enfrentaram outra longa viagem para Galveston. Muitos escolheram fazê-lo logo – e para isso, cem autocarros esperavam perto do cais para os levar. Outros preferiram ficar uma noite em Mobile antes de regressar.

O responsável pelos cruzeiros Carnival, Gerry Cahill, disse que para além de outras medidas a companhia tinha decidido dar 500 dólares a cada passageiro para compensar as circunstâncias a bordo.