Bundesbank recusa cortes nas taxas de juro do BCE para enfraquecer euro
Presidente do Bundesbank recusa que o euro esteja sobrevalorizado face ao dólar e ao iene e diz que BCE não deve intervir para baixar o valor da moeda única.
Numa entrevista publicada na quinta-feira, Weidmann defendeu também que não cabe aos bancos centrais gerir a crise do euro. Essa solução, afirmou, encontra-se nas formas estruturais e na consolidação orçamental.
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Numa entrevista publicada na quinta-feira, Weidmann defendeu também que não cabe aos bancos centrais gerir a crise do euro. Essa solução, afirmou, encontra-se nas formas estruturais e na consolidação orçamental.
Os líderes do G20 reúnem-se nesta sexta-feira em Moscovo, onde deverão ser discutidas as políticas monetárias japonesa e norte-americana, que se têm encaminhado, ao longo dos últimos meses, para uma gradual desvalorização do dólar e do iene. No caminho contrário encontra-se o euro, em gradual valorização às mãos do crescente optimismo em relação ao desempenho económico da região.
No entanto, Jens Weidmann desvaloriza os receios que apontam para uma sobrevalorização do euro face ao dólar e ao iene, o que pode prejudicar as exportações e a recuperação económica dos 17 Estados-Membros.
Citado pela Bloomberg, o presidente do Bundesbank afirmou que “não se pode afirmar que o euro se encontra seriamente sobrevalorizado”. Jens Weidmann recusa também a ideia de que Mario Draghi esteja a preparar um corte nas taxas de juro de referência do BCE: “Não creio que Mario Draghi esteja a tentar argumentar a subida ou a descida do euro”.
Há vários meses que se espera um corte do BCE nas taxas de juro de referência como forma de contrariar o enfraquecimento da linha de crédito dentro da Zona Euro. Com a tendência para a desvalorização do dólar e iene a marcar passo, o corte pode surgir mais cedo do que se esperava. No início de Fevereiro, o presidente do BCE, Mario Draghi, admitiu que o fortalecimento do euro pode representar riscos para a inflação.
Esta não é uma posição nova para Jens Weidmann, que se tem mostrado geralmente como um opositor à intensificação da acção do Banco Central Europeu. O presidente do Bundesbank mostrou reservas face ao programa de compra ilimitada de dívida, integrado no Mecanismo Europeu de Estabilidade e anunciado em Setembro pelo BCE. Também o Bundesbank alertou várias vezes para o risco de aumento da taxa de inflação dentro da Zona Euro e pediu a despolitização dos bancos centrais.
Um apelo que foi repetido por Jens Weidmann na véspera do encontro do G20, ao afirmar que receia também a “politização” dos bancos centrais e das divisas. Para além do mais, assegurou o também membro do conselho de administração do BCE, a agenda da reunião dos G20 será “ampla” e a gestão das divisas não deve sobressair como o tópico principal.