João Viana prepara dois novos documentários
A música dos filmes foi produzida pelo percussionista português Pedro Carneiro “sobre uma matriz da música Mandinga”
O realizador luso-angolano João Viana, que tem dois filmes presentes no festival de cinema que decorre em Berlim, adiantou à Lusa que está a preparar dois documentários no seguimento das obras agora projectadas na capital alemã.
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O realizador luso-angolano João Viana, que tem dois filmes presentes no festival de cinema que decorre em Berlim, adiantou à Lusa que está a preparar dois documentários no seguimento das obras agora projectadas na capital alemã.
Após ter realizado uma curta e uma longa-metragem rodadas na Guiné-Bissau, em que são narrados os efeitos pós-coloniais e o clima de instabilidade do país numa aldeia de músicos mandingas, João Viana prepara agora com a sua equipa de realização dois documentários em torno da mesma temática.
“Um documentário é sobre o processo sonoro dos filmes” que agora são apresentados em Berlim, referiu à Lusa o realizador à margem do festival berlinense, salientando que a música dos filmes foi produzida pelo percussionista português Pedro Carneiro “sobre uma matriz da música Mandinga”. O segundo documentário, realizado pelo seu assistente Paulo Carneiro, “relata um naufrágio que tivemos na Guiné-Bissau num barco com 109 pessoas a bordo”, adiantou o realizador.
Relativamente à presença dupla na 63,ª edição do Festival de Cinema de Berlim, com a curta-metragem “Tabatô” e a longa-metragem “A Batalha de Tabatô”, João Viana afirma que apesar de poder ganhar prémios, “o mais fantástico é a projecção internacional que os trabalhos estão a ter”.
Primeiro festival do não
“Este é o primeiro festival do ano, o que tem um grande impacto no que acontecerá ao longo de 2013”, disse o realizador nascido em Angola, referindo que o principal feito de estar presente nesta competição é a “possibilidade dos filmes poderem dar dez voltas ao mundo e serem comprados em diversos países”.
Apesar da rodagem de ambos os filmes ter sido feita na Guiné-Bissau e os actores serem os mesmos, João Viana descarta a possibilidade do rótulo de que “A Batalha de Tabatô” seja a versão longa de “Tabatô”, que concorre ao Urso de Ouro, galardão que João Salaviza conquistou em 2012 com a curta-metragem “Rafa”.
“Um filme tem dez minutos e o outro 80 e não se pode dizer que a longa seja o seguimento da curta, pois resulta completamente diferente”, diz o realizador, exemplificando que “Eça de Queirós fez um conto chamado 'Civilização' que depois transformou para a 'Cidade e as Serras' e o segundo livro não é o prolongamento do primeiro”.
O realizador luso-angolano disse acreditar que o facto da temática destes dois filmes se desenrolar em torno de uma aldeia africana poderá ter sido fundamental na escolha dos seus filmes por parte da organização e do júri do Festival de Cinema de Berlim.
“Tenho muito respeito por Berlim. Acho que o júri e a organização são rigorosas e penso que devem pensar que há muita coisa a fazer por África e que África não é um caso perdido, é um caso de futuro”, disse João Viana.
Além de “Tabatô”, que concorre ao Urso de Ouro na categoria das curtas, e a “A Batalha de Tabatô”, a Berlinale acolhe ainda os filmes portugueses “Terra de Ninguém”, de Salomé Lamas, “Um fim do Mundo”, de Pedro Pinho e a coprodução internacional dirigida por Bille August e rodada em Portugal, “Comboio nocturno para Lisboa”.