Investigadora quer elaborar uma cartografia dos melhores lugares para produzir mel
A geógrafa Raquel Alves ganhou um prémio Terre des Femmes com projecto que cartografa os melhores locais para produção de mel e os pontos com contaminação a evitar
Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) vão permitir elaborar uma cartografia com a localização dos conjuntos de colmeias, dos melhores locais para produção de mel e dos pontos com contaminação a serem evitados, garante uma investigadora da Universidade de Lisboa.
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Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) vão permitir elaborar uma cartografia com a localização dos conjuntos de colmeias, dos melhores locais para produção de mel e dos pontos com contaminação a serem evitados, garante uma investigadora da Universidade de Lisboa.
Raquel Alves explicou que o projecto piloto está a ser preparado para o concelho de Leiria e “consiste na aplicação de uma solução de software SIG, com a produção de uma infraestrutura de dados espaciais onde se vai fixar, por exemplo, a localização dos apiários e dos apicultores”.
A geógrafa de 27 anos está a desenvolver o seu trabalho no âmbito de uma tese de mestrado em Sistemas de Informação Geográfica e Modelação Territorial Aplicados ao Ordenamento, do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa, com a colaboração da Federação Nacional dos Apicultores.
Finalista do Prémio Yves Rocher
O projecto foi um dos três finalistas da 4.ª edição do Prémio Terre de Femmes, da marca de cosmética Yves Rocher, que distingue mulheres portuguesas com iniciativas na área do ambiente e da sustentabilidade.
Raquel Alves foi a segunda vencedora do Prémio Terre de Femmes, distinção entregue na semana passada numa cerimónia em Lisboa. O evento contou com a presença do presidente da Fundação Yves Rocher, Jacques Rocher.
O trabalho permite a elaboração de uma cartografia e também “analisar e avaliar as melhores soluções de modo a aumentar a qualidade e quantidade da produção apícola e será um benefício para a agricultura”, referiu Raquel Alves à agência Lusa. Será também analisada a proximidade de zonas com contaminação, como a agricultura intensiva, que podem afetar a atividade das abelhas e devem, portanto, ser evitadas.
Abelhas são "termómetro" do ambiente
A investigadora realçou a importância de conhecer a localização das colmeias e os pontos com condições mais adequadas para esta atividade, “importante para o homem e para o ambiente”. Uma localização adequada para a produção de mel deve de ter boas fontes naturais de néctar, melada e pólen, estar próximo de linhas de água e ter uma boa exposição solar.
Com conhecimento sobre os apiários (conjunto de colmeias) é possível “promover acções preventivas que contribuam para o bom estado das colónias, essencial para ter uma boa qualidade e quantidade de produção de mel”, defendeu Raquel Alves.
O concelho de Leiria tem 177 apiários e 81 apicultores. A organização do prémio refere que as abelhas são “o termómetro” do ambiente, e contribuem para a produção agroflorestal através da sua ação polinizadora. É, por isso, “essencial que sejam valorizadas, pois 76% da produção alimentar e 84% das espécies vegetais da União Europeia dependem da polinização das abelhas”, acrescenta.