Esculturas? Não, sapatos
A confusão inicial é natural e, segundo o criador, desejável. Kobi Levi transformou o seu design de calçado em arte e imprimiu o seu nome em museus, galerias de arte e numa linha de sapatos femininos
São objectos híbridos ou, como o criador prefere apelidá-los, são “esculturas que se podem calçar”, “calçado que é arte”. Escrevia Orson Welles a propósito do estilo visual: “Deixe que seja único para você e, contudo, identificável para os outros”. Quando olhamos para estes sapatos ou para estas criações artísticas, como lhes preferirmos chamar, são imagens facilmente reconhecidas que “misturam os limites da arte, do design e da moda” que surgem no campo de visão.
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São objectos híbridos ou, como o criador prefere apelidá-los, são “esculturas que se podem calçar”, “calçado que é arte”. Escrevia Orson Welles a propósito do estilo visual: “Deixe que seja único para você e, contudo, identificável para os outros”. Quando olhamos para estes sapatos ou para estas criações artísticas, como lhes preferirmos chamar, são imagens facilmente reconhecidas que “misturam os limites da arte, do design e da moda” que surgem no campo de visão.
“Eu desenho sapatos como arte, sem que os impeça de serem usáveis. Quero que sejam elementos vivos no corpo de quem os usa”. As palavras são do próprio, de Kobi Levi, designer israelita que há muito viu as fronteiras das suas criações alargarem-se a museus e galerias de arte de Tóquio, Bélgica, Suíça, Reino Unido e muitos outros países. É o mundo que os seus olhos vêem transpostos para sapatos (sempre) de salto alto. Um corpo de uma mulher, a própria imagem de Madonna, a chiclete que se prende ao sapato. “Eu penso que, se queremos atrair atenção e vender, temos de ser únicos e produzir algo novo no mundo. Quero que a arte seja parte dos nossos dias e não algo que existe nos espaços convencionais”, justifica o designer.
O design enquanto linguagem e a linguagem enquanto forma de comunicação. Kobi Levi afirma numerosas vezes que os sapatos, os seus sapatos, são um meio de comunicar. Explica-se: “A forma como nos vestimos é parte da nossa personalidade e é uma forma de comunicarmos com aqueles que nos vêem. O meu design leva as pessoas a pensar nos sapatos e na moda de uma outra forma. As pessoas reagem aos sapatos de acordo com o seu ponto de vista.” O designer usa as palavras elegância, glamour, criatividade e diversão para definir aquelas que usam as suas criações.
E ainda que “fantasia” e “inspiração” sejam os conceitos mais importantes para Kobi Levi, o conforto é essencial. “Eu acredito que um bom design é aquele que alcança o seu objectivo principal. Portanto, todos os meus sapatos podem ser usados e ajustam-se perfeitamente ao pé”.
De Telavive para o mundo
“Israel não é um centro internacional de arte e moda, mas é um lugar com imensas pessoas criativas, sempre à procura de coisas novas. A indústria do calçado é muito pequena e isso faz com que o meu trabalho seja muito desafiante.” Kobi Levi tem o seu estúdio em Telavive, mas colabora com várias empresas israelitas e internacionais. As viagens são constantes e, portanto, um mudança geográfica, diz o designer, acontecerá apenas “se a oportunidade certa surgir”.
Satisfeito com o reconhecimento internacional Kobi Levi tem a meta bem traçada. “O meu desejo é fazer com que os sapatos se tornem mais acessíveis em termos de design e preço. É nisso que estou focado neste momento”.
Em todo o mundo apenas 20 pessoas podem usar cada um dos modelos. Isto porque cada edição tem carimbada a palavra limitada e no atelier de Kobi Levi não há excepções à regra. Do design ao protótipo, é necessário um mês — e até à concepção final acrescentam-se cerca de 7 dias. Todo o trabalho é feito à mão, os tamanhos são feitos de acordo com os pedidos e o valor de um par de sapatos é entre 1000 e 2500 euros.