Finalmente, "Django Libertado"
“Django Libertado” será Romeu e Julieta para muitos desta geração. E pela realização, talvez possamos dizer obra de arte
Carly Rae Jepsen, no seu hit “Call Me Maybe”, atreve-se a dizer: “Antes de entrares na minha vida, eu senti tanto a tua falta, tanto, tanto”. Por uma vez, Carly Rae Jepsen estava mais que certa. Desde o início de “Django Libertado” que se sente algo de especial e, quando acaba, percebemos que sentíamos saudades deste filme mesmo antes de ele ser feito. Suponho que seja a sensação que se tem quando acontece o amor à primeira vista.
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Carly Rae Jepsen, no seu hit “Call Me Maybe”, atreve-se a dizer: “Antes de entrares na minha vida, eu senti tanto a tua falta, tanto, tanto”. Por uma vez, Carly Rae Jepsen estava mais que certa. Desde o início de “Django Libertado” que se sente algo de especial e, quando acaba, percebemos que sentíamos saudades deste filme mesmo antes de ele ser feito. Suponho que seja a sensação que se tem quando acontece o amor à primeira vista.
E este filme – como o Tom Cruise há muitos anos atrás – tem-nos “desde o 'olá'”. Neste caso, desde os créditos. Aliás, é imediatamente nos créditos que a banda sonora e a fotografia do filme se impõem como excepcionais e irresistíveis. Ambas são inesperadas e surpreendentes. São uma expressão do espectador no filme, pautando os seus sentimentos em cada cena, em cada momento. Esses sentimentos são poderosos. Paixão e excitação. Como Calvin Candie ao preparar o jantar de recepção para os dois caçadores de recompensas, Tarantino escolhe as suas peças mais bonitas para nos receber. Cada "frame" de cuidado detalhe, cada música, cada cor, cada fala.
Este "western" vai buscar à BD os seus momentos mais repentinos (como quando Django vai à cabana de Hildi). Depois, para nos mostrar do que é capaz, pega na comédia e fá-la fazer sentido ali (afinal, quem não se riu com o fato azul?). E, sem hesitar, atira-nos com a banda sonora em momentos tão dramáticos que todo o corpo se arrepia.
Filme do super-herói
Christoph Waltz, Leo di Caprio, Samuel L. Jackson e Kerri Washington são peças essenciais para este puzzle artístico. Todos eles se encaixam perfeitamente num jogo de personalidades que acrescenta, ao longo das três horas de filme, cada vez mais camadas à história. Nem sequer as suas facetas cómicas chocam – apenas se complementam para o nosso entretenimento.
“Django Libertado” é o derradeiro filme do super-herói. É o herói de banda desenhada que todos os rapazinhos sonharam ver saltar da revista e transformar-se em realidade. E para as raparigas: Django é Filipe (da Bela Adormecida), Hércules, é Tarzan, é Monstro e é ainda muito mais. Este herói representa o empoderamento máximo de uma classe representada (apenas) como submissa durante séculos de cinema.
É Kerri Washington que o diz quando fala sobre a importância de “Django Libertado” de Quentin Tarantino. Mas, afinal, o que é, na essência, “Django Libertado”? Pelo carácter homérico da história do personagem principal, “Django Libertado” é um filme que ficará como a lenda daquele que desafio a instituição mais cruel da história (a escravatura) e venceu. Pela natureza romântica deste conto, “Django Libertado” será Romeu e Julieta para muitos desta geração. E pela realização, talvez possamos dizer obra de arte. No final (e já no início), queremos ser e queremos ter Django.