Papandreou avisa que sacrifícios dos portugueses poderão ser em vão

Ex-governante grego pede outra atitude à União Europeia.

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Papandreou durante o seu discurso em Cascais Patrícia de Melo Moreira/AFP

"A crise não acabou. Ainda hoje, se a Europa não tomar mais medidas, os sacrifícios dos portugueses, gregos, espanhóis e italianos poderão perder-se e mais nos será exigido", disse, na abertura do Conselho da Internacional Socialista, em Cascais.

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"A crise não acabou. Ainda hoje, se a Europa não tomar mais medidas, os sacrifícios dos portugueses, gregos, espanhóis e italianos poderão perder-se e mais nos será exigido", disse, na abertura do Conselho da Internacional Socialista, em Cascais.

Papandreou, que assumiu o Governo grego em 2009 e se demitiu em 2011 para dar lugar ao Governo de união nacional que se encarregou de lidar com a crise no país, admitiu que os sacrifícios eram necessários, mas deviam ter servido apenas para dar tempo à Europa de mudar.

Recordou que em 2009 assumiu a responsabilidade de "limpar a confusão deixada pelo Governo conservador anterior" e fê-lo "com o apoio e muitos sacrifícios do povo grego".

"Sobrevivemos, a Grécia está viva hoje, e tem perspectivas, mas sei, como o António [José Seguro, secretário-geral do PS] sabe, que a dívida e o défice são só sintomas de problemas piores", disse o líder do Pasok.

O socialista grego comparou a situação portuguesa com a grega, lembrando que, "no primeiro ano", o seu país também foi bem-sucedido: "Fomos vistos como um exemplo, mas quando os mercados não reagiram, o meu Governo foi erradamente criticado."

Para o ex-primeiro-ministro, a responsabilidade foi da União Europeia, por não ter reagido "com força" para dar "um sinal positivo aos mercados" e criar confiança.

"A Europa conservadora foi demasiado conservadora e acreditou na magia dos mercados. Pagamos isso hoje, ambos os nossos países", lamentou, alertando que uma Europa "introvertida, medrosa, nacionalista, sem solidariedade será uma Europa condenada a falhar".

"Acredito, como o António [José Seguro] acredita, que há um caminho alternativo e progressista", afirmou, defendendo uma Europa "que ponha a reforma à frente da austeridade".

Uma Europa progressista, disse, "não ficaria quieta a olhar para uma geração perdida de desempregados a sofrer", não toleraria o "crescimento de nacionalismos e racismo".

"Isto não devia ser uma corrida até ao fundo", afirmou.

O presidente da IS comparou ainda os conservadores com os progressistas de hoje: "Eles falam de medo, nós de esperança, eles falam de castigo, nós de mudança, eles falam de austeridade, nós de reforma."

No início do seu discurso, Papandreou disse que a realização da reunião da IS em Portugal visa manifestar "solidariedade com o povo português, com o Partido Socialista e o seu líder", que considerou ser um dos "líderes mais apaixonados" do movimento.

"Num país que enfrenta enormes desafios e até dor, é um líder com visão", disse, referindo-se ao secretário-geral do PS, António José Seguro.