Os anúncios do Super Bowl são mais do que um simples jogo
Das críticas ao beijo de Bar Refaeli aos elogios a uma carrinha todo-o-terreno, a final do campeonato de futebol americano ficou, mais uma vez, marcada pelos anúncios, um mercado onde se vendem 30 segundos por quase quatro milhões de dólares.
Primeiro, os dados sobre o jogo em si, que podem interessar a alguns portugueses: os Baltimore Ravens jogaram contra os San Francisco 49ers e, no fim, ganhou um Harbaugh. Neste caso, John Harbaugh, treinador dos Ravens e irmão do técnico do adversário, Jim Harbaugh. A equipa de Baltimore venceu (34-31) o seu segundo Super Bowl e a formação de São Francisco ficou a ver passar um possível sexto título, que a levaria ao topo da lista de campeões, onde estão isolados os Pittsburgh Steelers, com seis vitórias.
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Primeiro, os dados sobre o jogo em si, que podem interessar a alguns portugueses: os Baltimore Ravens jogaram contra os San Francisco 49ers e, no fim, ganhou um Harbaugh. Neste caso, John Harbaugh, treinador dos Ravens e irmão do técnico do adversário, Jim Harbaugh. A equipa de Baltimore venceu (34-31) o seu segundo Super Bowl e a formação de São Francisco ficou a ver passar um possível sexto título, que a levaria ao topo da lista de campeões, onde estão isolados os Pittsburgh Steelers, com seis vitórias.
Pelo meio, uma falha na iluminação, que manteve às escuras mais de meia hora o Superdome de Nova Orleães, um estádio que ficou mundialmente conhecido em 2005, por ter servido de abrigo a dezenas de milhares de vítimas do furacão Katrina.
Apesar do apagão, a estação que transmitiu o evento, a CBS, garantiu que o espectáculo televisivo não sofreu interrupções. "Usámos a energia de apoio da CBS e nunca saímos do ar", garantiu Jennifer Sabatelle, vice-presidente de comunicação da CBS Sports. "Todos os compromissos comerciais durante a transmissão foram honrados", afirmou a responsável.
A preocupação é compreensível: mais do que telespectadores, o Super Bowl tem dezenas de milhões de consumidores norte-americanos a acompanhar as jogadas das equipas finalistas. No ano passado, a final entre os New York Giants e os New England Patriots foi vista por 111 milhões de pessoas e passou a ser o programa mais visto da história da televisão no país. Para além disso, há o resto do mundo: a final deste ano foi transmitida em 180 países.
E os anúncios foram bons?
Se cada 30 segundos custam entre 3,7 milhões e 3,8 milhões de dólares (entre 2,7 milhões e 2,8 milhões de euros), é de esperar que as empresas tenham feito render cada frame.
Os principais jornais norte-americanos já deram notas aos esforços comerciais e parece que, este ano, o pior aluno foi uma empresa de alojamento de sites e de registo de domínios na Internet. Em meio minuto, a GoDaddy pôs o modelo israelita Bar Refaeli a dar um beijo na boca a um estereótipo de "maluquinho dos computadores" – um nerdy guy wearing glasses, como escreve o site da Fox News.
O anúncio foi tão perturbador para algumas pessoas que o jornalista Stephen G. Smith – editor do Washington Examiner e antigo director da Newsweek e editor da Time e da U.S. News & World Report – nunca mais voltou a pensar no jogo: "Não quero saber quem é que vai ganhar o jogo. Só não quero voltar a ver aquele anúncio."
A revista Time concorda. Numa galeria intitulada Os melhores e os piores anúncios do Super Bowl de 2013, o longo beijo de Bar Refaeli ao nerdy guy é o único classificado com "F" (numa escala de A a F, sendo que o A é "Excelente" e o F "Muito Mau"), o que significa que não passou no teste da publicidade.
"Credo, GoDaddy, as pessoas estão a comer durante o jogo! Como parte dos contínuos esforços da empresa para continuar a afastar-se do resto da humanidade a cada mês de Fevereiro, um nerd coradinho e o modelo Bar Refaeli curtem, acompanhados pelos mais perturbadores efeitos sonoros, à excepção da morte de um zombie no Walking Dead. Não sei se os anúncios do primeiro quarto servem mesmo para promover produtos, mas se o objectivo era fazer com que eu nunca mais beije outra pessoa, está comprado!", lê-se no site da Time.
Para a revista norte-americana, o melhor anúncio foi o da carrinha todo-o-terreno Dodge Ram, cujo fabricante gastou pelo menos 14,8 milhões de dólares (quase 11 milhões de euros) nos seus dois minutos de publicidade.
"Vocês deixam de pensar de onde é que vieram aquelas asas de frango quando ouvem a voz do radialista Paul Harvey a recitar 'Deus Criou o Agricultor'. Sem dúvida que os utilizadores do Instagram estão agora à procura de filtros para que as suas fotografias fiquem com pelo menos metade da qualidade das que aparecem neste poderoso anúncio", escreve a Time. "Deus Criou o Agricultor" é o título de um discurso proferido por Paul Harvey (1918-2009) em 1978, num evento da organização Future Farmers of America.
A influente consultora de publicidade Cindy Gallop escreveu no Wall Street Journal que o anúncio à Dodge Ram foi "o Grande Anúncio Americano do Super Bowl".
Quase todas as críticas foram positivas, mas este não foi o anúncio que chegou ao 1.º lugar da lista elaborada pelo USA Today, ficando-se pela 3.ª posição. Para o jornal norte-americano, o melhor do Super Bowl 2013 foi um dos anúncios da cerveja Budweiser, baseando-se num inquérito realizado durante o jogo. O anúncio – um dos mais tradicionais do Super Bowl, com os cavalos Clydesdale – arranca também uma nota bastante positiva aos exigentes professores da Time: um "B", com o argumento de que "a ressonância emocional deste anúncio é directamente proporcional ao número de vezes em que estes icónicos cavalos apareceram em edições anteriores do Super Bowl". E foram muitas.