A inspiração satírica de Willem celebrada no festival de BD de Angoulême

Ilustrador belga recebeu a homenagem de uma vida nos 40 anos do mais importante festival de banda desenhada da Europa. Pai de Dragon Ball também foi homenageado.

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Willem foi o grande vbencedor do 40º Festival de banda desenha de Angoulême

Bernhard Willem Holtrop, que assina apenas como Willem (Holanda, 1941) é um dos colaboradores habituais do jornal satírico francês Charlie Hebdo onde, através do desenho e da caricatura tem questionado, com o mesmo nível de acutilância, questões políticas, sociais e religiosas, bem como abordado, sem piedade, a sexualidade, a guerra, o genocídio e os comportamentos humanos.

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Bernhard Willem Holtrop, que assina apenas como Willem (Holanda, 1941) é um dos colaboradores habituais do jornal satírico francês Charlie Hebdo onde, através do desenho e da caricatura tem questionado, com o mesmo nível de acutilância, questões políticas, sociais e religiosas, bem como abordado, sem piedade, a sexualidade, a guerra, o genocídio e os comportamentos humanos.

A escolha, resultante de uma votação dos 1500 autores presentes (foram escrutinados 537 votos) este ano na vila do nordeste de França, premeia assim um trabalho que se caracteriza por uma leitura, sem concessões, da realidade.

Aos 25 anos, depois de um passagem pela Escola de Belas Artes, Willem criou um jornal satírico intitulado God, Nederland & Oranje, que foi objecto de censura após a publicação de um desenho da rainha Juliana como uma prostituta.

Willem, instalou-se em Paris após as manifestações de 1968 e começou a colaborar com a publicação l’Enragé, onde as suas pranchas com erros ortográficos e de sintaxe se tornam uma imagem de marca, mesmo depois de o autor se ter tornado fluente em francês. Essa marca sublinhará um olhar que, mais do que satírico é, por vezes, conscientemente violento, denunciando um mal-estar social que nunca abandonará.

Quando, mais tarde, integra a Charlie Mensuel (1969-1986) Willem transforma a publicação numa plataforma para novos autores.

O autor passou ainda pelo jornal Libération e, anos mais tarde, integrou a equipa do novo formato do Charlie Mensuel, agora Charlie Hebdo (quinzenal), uma publicação que nunca se poupou ao confronto e à denuncia directa, enfrentando fantasmas e tabus como aconteceu, por exemplo, em 2012 quando publicaram caricaturas do profeta Maomé – à semelhança do que haviam feito em 2006 e 2011 – tendo as instalações sido alvo de ataques de extremistas muçulmanos e a decisão ter merecido repúdio tanto do governo francês como da Casa Branca.

O festival dedicou ainda um prémio especial a Akira Toriyama, 57 anos, autor de uma das mais célebres manga vendidas no mundo, Dragon Ball. O prémio, de homenagem a uma carreira reconhecida mundialmente, celebra ainda o sucesso do trabalho de Toriyama, cujas vendas ultrapassam os 230 milhões de exemplares.

O prémio de melhor álbum foi entregue ao segundo volume de Quai d'Orsay. Chroniques diplomatiques de Christophe Blain (desenho) e Abel Lanzac (texto), uma obra que desmonta os bastidores da política francesa.