Lisboa amanheceu a cheirar mal e ninguém sabe porquê

Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR mobilizou uma equipa para investigar o que se passa.

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Tempo limpo, frio e vento fraco ajudam na concentração de poluentes Carlos Lopes

Mediante uma queixa recebidas esta manhã, o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR mobilizou uma equipa para investigar o que se passava, na zona entre Belém e Carnaxide. Mas o mau cheiro afectou tanto outras áreas da cidade, como outros concelhos vizinhos.

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Mediante uma queixa recebidas esta manhã, o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR mobilizou uma equipa para investigar o que se passava, na zona entre Belém e Carnaxide. Mas o mau cheiro afectou tanto outras áreas da cidade, como outros concelhos vizinhos.

À Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) de Lisboa e Vale do Tejo – organismo responsável por medir a poluição do ar na região – chegaram vários telefonemas, incluindo da margem sul do Tejo e de Cascais. Mas, na estações de medição da CCDR, não havia qualquer sinal de alarme. “Não detectámos nada de absolutamente anormal naquilo que medimos”, afirma Luísa Nogueira, técnica da CCDR que gere a rede de monitorização.

As estações controlam apenas a concentração dos poluentes mais clássicos – como o dióxido de enxofre (SO2), o dióxido de azoto (NO2), o monóxido de carbono (CO) e as partículas. Desde ontem, têm-se verificado alguns picos de dióxido de azoto e de partículas, mas em estações em Lisboa onde isto acontece com frequência – as da Avenida da Liberdade e a dos Olivais. “Não é uma situação extraordinária”, diz Luísa Nogueira, acrescentando que muitas vezes os maus cheiros não estão associados a um problema concreto de poluição com efeitos directos na saúde.

Situações do género em Lisboa não são inéditas. Muitas vezes, a cidade é afectada por odores que vêm de zonas industriais distantes. Uma das fontes usualmente apontadas é a fábrica de pasta de papel da Portucel, em Setúbal. Mas, segundo a meteorologista Paula Leitão, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em Lisboa, o vento estava esta manhã a soprar fraco de nordeste. Isto sugere que o cheiro poderá estar a vir de alguma fonte localizada no vale do Tejo.

Seja qual for a origem do mau cheiro, a meteorologia está a dar um grande contributo. O frio, o tempo limpo e os ventos fracos, quase estagnados, estão a favorecer a concentração de poluentes junto ao solo – num fenómeno típico do Inverno.

Segundo Paula Leitão, do IPMA, as condições actuais do tempo vão manter-se nos próximos dias. Mas, ao longo desta terça-feira, a situação de mau cheiro pode melhorar. À medida que a terra aquece, há mais movimento e mistura do ar. “Há mais dispersão de poluentes”, diz Paula Leitão.