Carlos Carneiro, o português e a sua “galáxia de viagens”
Já foi de bicicleta até Dakar e andou de mochila às costas em longas viagens pela Índia, Sudeste Asiático, Médio Oriente e América Latina
Conhece de uma ponta a outra a América Latina, já foi de bicicleta até Dakar e até deu a volta a África com o pai numa Renault 4L. Falamos de Carlos Carneiro, o jornalista que decidiu deixar a profissão em “banho-de-maria ” para dedicar-se a tempo inteiro àquilo que mais gosta de fazer, viajar por esse mundo fora.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Conhece de uma ponta a outra a América Latina, já foi de bicicleta até Dakar e até deu a volta a África com o pai numa Renault 4L. Falamos de Carlos Carneiro, o jornalista que decidiu deixar a profissão em “banho-de-maria ” para dedicar-se a tempo inteiro àquilo que mais gosta de fazer, viajar por esse mundo fora.
Como muitos jovens na Europa, Carlos Carneiro começou a explorar os melhores recantos europeus através do conhecido InterRail. Mas depois de uma “aritmética simples”, concluiu que com esse dinheiro poderia fazer uma viagem de três meses pela Índia e pelo Nepal. A partir daí nunca mais parou.
Após ter acabado o curso de jornalismo em Lisboa há mais de 11 anos atrás, Carlos Carneiro contou ao P3 que percebeu que “os sonhos de errância” de uma vida de viagens constantes não poderiam encaixar na rotina de trabalho de uma redacção. Assim, partiu para Londres e começou a trabalhar como operário numa fábrica de salsichas. O dinheiro que aí ganhava era o seu “foguetão para uma galáxia de viagens”.
América Latina, África e Dakar
A primeira grande epopeia de Carlos Carneiro teve a duração de um ano e permitiu-lhe conhecer toda a América Latina. Destaca que de todos os países que visitou a Colômbia marcou-o mais pela "energia inesgotável com que os colombianos vivem a vida e fazem dela uma festa”.
Outra travessia foi a volta de 42 mil quilómetros que fez na companhia do seu pai pela África ao volante de um Renault 4L. A ideia surgiu num almoço de domingo na Nicarágua. Quando deram por eles já tinham dado a volta inteira ao continente africano. Aliás, Carlos ainda não percebe “o vendaval que lhes atravessou o espírito” quando decidiram fazer-se à estrada.
Para ele esta foi uma das viagens mais especiais que fez e que “será digna de contar aos netos”. Carlos Carneiro recorda, com alguma graça, que “a experiência não só lhes permitiu conhecer 27 países como também apanhar quatro malárias e serem roubados nove vezes”. Mas apesar das dificuldades conseguiram chegara ao fim “mais vivos que nunca”.
Do mapa Carlos Carneiro também riscou o Dakar. Conta que “partiu de Lisboa com apenas mil euros no bolso, uma bicicleta que custou 50 euros e uma forma física deplorável”. Contudo, quando regressou à capital sentia-se um “viajante profissional”.
Na companhia da burra Lizota
As aparagens obrigatórias de Carlos Carneiro não se resumem apenas ao resto do mundo. Portugal também não escapa. Durante 15 dias fez uma caminhada por Trás-os-Montes na companhia de uma burra chamada Lizota, cujo nome foi inspirado na obra literária “Don Quixote de La Mancha”, “um dos mais fascinantes livros de viagens que já leu”.
A caminhada foi uma “lição de vida” para Carlos Carneiro. Ajudou-lhe a aclarar as ideias para tomar uma decisão que iria redefinir todo o seu percurso de vida: “viver das viagens, mesmo correndo o risco de acabar os dias a contar tostões”.
Actualmente, Carlos Carneiro trabalha como guia turístico na agência Nomad e cumpriu o sonho de ser jornalista de viagens, uma área que lhe permite publicar as suas peripécias com uma outra calma. Aliás, a sua próxima publicação será lançada em Março de 2013 com o nome “Nunca é Tarde”.
Mas e quem é o Carlos Carneiro para além das viagens? Pelo menos esclarece que quando chega a Portugal “não vai logo subir montanhas e dormir em tendas”. Pelo contrário, “planifica novos projectos, vai para o quiosque beber minis, dizer bem do Sporting e mal dos políticos”, tudo isto até que o “bicho-carpinteiro das viagens” volte a inquieta-lo.