Despejo de moradores de prédio em risco avança em Vila Franca de Xira
Três famílias retiraram alguns pertences das suas casas e aguardam agora o resultado da reunião com a presidente da Câmara.
A porta do prédio do lote 1, onde ainda habitam três famílias, foi arrombada por volta das 9h40, perante a ausência de resposta por parte dos moradores. Ao final da manhã, a operação estava praticamente concluída: os habitantes concordaram em sair de forma pacífica, tendo já retirado alguns pertences.
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A porta do prédio do lote 1, onde ainda habitam três famílias, foi arrombada por volta das 9h40, perante a ausência de resposta por parte dos moradores. Ao final da manhã, a operação estava praticamente concluída: os habitantes concordaram em sair de forma pacífica, tendo já retirado alguns pertences.
Nas três fracções ocupadas (no 2.º, 4.º e 6.º andar) estavam 14 pessoas, que mantêm reservas em relação à alternativa que lhes foi apresentada pela Câmara. Segundo uma das moradoras, a autarquia disponibilizou três casas localizadas em Castanheira do Ribatejo, Alverca e Póboa de Santa Iria. No entanto, os moradores contestam a localização e as condições apresentadas.
"Temos a vida organizada em Vila Franca de Xira", disse ao PÚBLICO Maria Antonienta Barros, proprietária do 6.º esquerdo, onde vive com mais seis pessoas. Além da distância, a moradora contesta que a Câmara lhe tenha proposto uma casa com três quartos, quando precisa de cinco. O imóvel não tem espaço suficiente, reclama: "Perguntei-lhes se querem que ponha pessoas a dormir na cozinha." Outra moradora, Carla Gonçalves, diz que não tem para onde ir e garante que não lhe foi feita qualquer proposta de realojamento por parte da autarquia.
As três famílias contestam que, além de terem de continuar a pagar ao banco o valor do empréstimo para aquisição dos imóveis de onde foram despejados, tenham de pagar uma renda à câmara pela habitação alternativa. Outra exigência passa pela elaboração de um documento escrito, no qual fiquem registadas as condições deste realojamento, nomeadamente o que cabe a cada uma das partes e por quanto tempo podem ficar nessas casas.
"A Câmara tem-se recusado a apresentar um documento escrito que sustente esta iniciativa", diz Maria Antonieta Barros. Os moradores reconhecem que têm de sair do edifício mas recusam fazê-lo sem terem um papel na mão e preferem uma alternativa localizada em Vila Franca de Xira.
Para o meio-dia ficou marcada uma reunião entre as famílias e a presidente da Câmara, Maria da Luz Rosinha. "Vamos aguardar e ver o que ela tem para nos dizer", afirmou a moradora.
Esta é a terceira acção de despejo desencadeada pela câmara liderada por Maria da Luz Rosinha (PS), que diz estar em causa a "segurança de pessoas e bens". Em Novembro, a autarquia tentou por duas vezes retirar os moradores, mas acabou por recuar.
O lote 1 da rua de Quinta de Santo Amaro está ameaçado pelo lote 2, que está em risco de ruir, segundo um relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). Este documento, conhecido em Novembro, alertava para o agravamento da instabilidade do prédio do lote 1 e do talude que continua a fazer pressão sobre o lote 2, que está inclinado para a frente. Este prédio está desabitado e fechado a cadeado por razões de segurança.
Desde Novembro, seis das nove famílias que habitavam no lote 1 decidiram sair.