Vítor Bento: Portugal pode ser porta de entrada da “atlantização”

A Alemanha encontra em Portugal uma plataforma privilegiada de ligação aos países emergentes, diz o economista.

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Vítor Bento é conselheiro de Estado Nuno Ferreira Santos

Para o presidente da SIBS e conselheiro de Estado – tendo Portugal “um problema muito sério de competitividade”, com uma economia fechada – deve procurar superar esta dificuldade estratégica tornando “a perificidade numa nova centralidade”. Tem “condições ideais do ponto de vista de localização” para desenvolver investigação. É lugar privilegiado para estabelecer uma ligação transatlântica da Europa com a qual a Alemanha tem a ganhar.

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Para o presidente da SIBS e conselheiro de Estado – tendo Portugal “um problema muito sério de competitividade”, com uma economia fechada – deve procurar superar esta dificuldade estratégica tornando “a perificidade numa nova centralidade”. Tem “condições ideais do ponto de vista de localização” para desenvolver investigação. É lugar privilegiado para estabelecer uma ligação transatlântica da Europa com a qual a Alemanha tem a ganhar.

Vítor Bento, que intervinha esta manhã no I Fórum Portugal-Alemanha, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, diz que a maior economia da zona euro pode ter, por isso, em Portugal um parceiro fundamental na ligação aos países emergentes. “A Alemanha pode encontrar em Portugal uma [plataforma de] ‘atlantização’”. Não apenas pela sua ligação a uma potência emergente como o Brasil, mas também aos países africanos.

No mesmo sentido foi a intervenção, na mesma mesa redonda, do embaixador de Portugal na Alemanha, Luís de Almeida Sampaio, que considera que o país tem de “saber aproveitar” este “posicionamento estratégico invulgar” na relação transatlântica, em particular, pela posição privilegiada portuguesa em relação ao Brasil.

“Portugal é dentro da Europa o país que mais perdeu com a alteração geoestratégica” que resultou da queda do muro de Berlim”. Vítor Bento nota que Portugal se dedicou muito mais aos sectores não-transaccionáveis, criando um problema de competitividade enquanto vivia na ilusão de que é uma pequena economia aberta. E “somos uma economia relativamente fechada”.

Como aumentar a competitividade depois da introdução do euro? “Sem o instrumento cambial, não vai ser fácil dar este salto de crescimento”. Mas o que “socialmente é mais vantajoso é [através do] aumento da competitividade”, sustentou Vítor Bento, para reforçar a necessidade de aposta na inovação e na tecnologia.

Notícia corrigida às 17h52

Onde se lia “ sectores transaccionáveis”   lê-se “ sectores não-transaccionáveis”