Pesquisa interna pode transformar Facebook numa “roleta russa” social
Lembra-se da informação que partilhou há cinco anos com os seus amigos, quando não imaginava ser quem é hoje? O Facebook lembra-se e, se não a esconder, vai mostrá-la a toda a gente no seu motor de pesquisa.
Este é um dos exemplos publicados por Tom Scott no Tumblr que criou há dias para mostrar os resultados “arrepiantes” do graph search do Facebook. O jovem especialista em tecnologia, de Londres, procurou por “actuais empregadores de pessoas que gostam de racismo” e entre os resultados encontrou o famoso franchise de fast food e a Força Aérea norte-americana.
Isto é possível porque o motor de pesquisa está preparado para responder a perguntas que combinem a muita informação que fornecemos voluntariamente: família, amigos, interesses, locais de trabalho, de lazer, de origem, fotografias, cronologias, etc. Se estes dados não se encontrarem protegidos nas definições de privacidade de cada um, aparecem na pesquisa.
O que Tom Scott fez foi relacionar informações aparentemente contraditórias e ver se encontrava alguma coisa. E encontrou. O que significa que as nossas incoerências estão à vista de todos – incluindo aventuras que estão à espera do momento certo para serem reveladas à nova namorada ou um “gosto” menos consensual no local de trabalho… como o racismo.
“Gostar” de racismo, ou seguir uma página que põe em causa quem está sentado ao nosso lado na empresa – seja racista, xenófoba, misógina ou homofóbica –, pode ser pura ironia, gozo. Mas queremos mesmo ter de o explicar? Se formos homens a viver em Teerão, onde a homossexualidade é perseguida, queremos que se saiba que estamos "interessados" noutros homens? Se formos casados, queremos ter “prostitutas” entre os nossos interesses?
O graph search forneceu resultados para todas estas pesquisas efectuadas por Scott, cujo trabalho está a ter impacto internacional, motivando artigos na imprensa de referência e, com isso, preocupações acrescidas. Isto numa altura em que a ferramenta ainda não se encontra disponível a todos os utilizadores do Facebook, que está a alargar o acesso gradualmente.
O motor de pesquisa é um avanço da mais popular rede social do mundo para terrenos dominados pelo Google e, uma vez que permite pesquisar por área de formação ou profissão, também pelo LinkedIn. Mas certamente não seria intenção que esta nova funcionalidade afrontasse o próprio Facebook através do seu calcanhar de Aquiles – a privacidade.
Os responsáveis pela rede social argumentam que o graph search – que, de resto, se encontra em fase experimental – não altera as definições de privacidade de cada um e que os dados revelados pelas pesquisas já eram visíveis. A pergunta a fazer é: lembra-se daquela informação que partilhou há cinco anos com os seus amigos, quando não imaginava ser quem é hoje?
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Este é um dos exemplos publicados por Tom Scott no Tumblr que criou há dias para mostrar os resultados “arrepiantes” do graph search do Facebook. O jovem especialista em tecnologia, de Londres, procurou por “actuais empregadores de pessoas que gostam de racismo” e entre os resultados encontrou o famoso franchise de fast food e a Força Aérea norte-americana.
Isto é possível porque o motor de pesquisa está preparado para responder a perguntas que combinem a muita informação que fornecemos voluntariamente: família, amigos, interesses, locais de trabalho, de lazer, de origem, fotografias, cronologias, etc. Se estes dados não se encontrarem protegidos nas definições de privacidade de cada um, aparecem na pesquisa.
O que Tom Scott fez foi relacionar informações aparentemente contraditórias e ver se encontrava alguma coisa. E encontrou. O que significa que as nossas incoerências estão à vista de todos – incluindo aventuras que estão à espera do momento certo para serem reveladas à nova namorada ou um “gosto” menos consensual no local de trabalho… como o racismo.
“Gostar” de racismo, ou seguir uma página que põe em causa quem está sentado ao nosso lado na empresa – seja racista, xenófoba, misógina ou homofóbica –, pode ser pura ironia, gozo. Mas queremos mesmo ter de o explicar? Se formos homens a viver em Teerão, onde a homossexualidade é perseguida, queremos que se saiba que estamos "interessados" noutros homens? Se formos casados, queremos ter “prostitutas” entre os nossos interesses?
O graph search forneceu resultados para todas estas pesquisas efectuadas por Scott, cujo trabalho está a ter impacto internacional, motivando artigos na imprensa de referência e, com isso, preocupações acrescidas. Isto numa altura em que a ferramenta ainda não se encontra disponível a todos os utilizadores do Facebook, que está a alargar o acesso gradualmente.
O motor de pesquisa é um avanço da mais popular rede social do mundo para terrenos dominados pelo Google e, uma vez que permite pesquisar por área de formação ou profissão, também pelo LinkedIn. Mas certamente não seria intenção que esta nova funcionalidade afrontasse o próprio Facebook através do seu calcanhar de Aquiles – a privacidade.
Os responsáveis pela rede social argumentam que o graph search – que, de resto, se encontra em fase experimental – não altera as definições de privacidade de cada um e que os dados revelados pelas pesquisas já eram visíveis. A pergunta a fazer é: lembra-se daquela informação que partilhou há cinco anos com os seus amigos, quando não imaginava ser quem é hoje?