Academia Ubuntu quer preparar líderes contra a exclusão social

O objectivo é acolher 80 jovens líderes, provenientes de contextos de exclusão social, que possam um dia vir a criar projectos na própria comunidade. Inscrições até 31 de Janeiro

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MysteriousPhotographer/Flickr

A Academia Ubuntu quer acolher 80 jovens líderes, provenientes de contextos de exclusão social, que possam um dia vir a criar projectos no seio da sua própria comunidade. As candidaturas já abriram e duram até 31 de Janeiro.

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A Academia Ubuntu quer acolher 80 jovens líderes, provenientes de contextos de exclusão social, que possam um dia vir a criar projectos no seio da sua própria comunidade. As candidaturas já abriram e duram até 31 de Janeiro.

Samuel tem 22 anos e aos sete já assumia ser "uma mistura de raças", entre a mãe portuguesa e o pai guineense. Havia sempre alguma coisa "que me fazia sentir diferente", conta. Com a morte da mãe e muita confusão na cabeça, começou a fazer "coisas impensáveis", de que não se orgulha. Ela era o escudo que o protegia do mundo. Depois da Academia, Samuel diz-se "mais sábio" e assim que acabar os estudos quer levar a cabo um projecto social, já com destino: Guiné-Bissau.

Graciete, mais conhecida por Grace, é de uma família cabo-verdiana. Tem 22 anos e mora num bairro "problemático" em Lisboa, o que nunca ajudou à procura de emprego ou à integração na escola. Foi um amigo que lhe apresentou a Academia, que descreveu como uma "experiência magnífica". O sonho que acalenta, por enquanto, é "descobrir o mundo" e, acima de tudo, fazer alguma coisa por Cabo-Verde, a terra dos seus pais.

Depois destes jovens, outros tantos com as suas próprias histórias podem dar um novo rumo à sua vida: a Academia Ubuntu está de volta. O projecto quer capacitar e formar jovens provenientes de contextos de exclusão social, que apresentem características de liderança, para o desenvolvimento de projectos de empreendedorismo social.

Através de modelos de inspiração como Nelson Mandela, Martin Luther King, Gandhi ou Desmond Tutu, a Academia quer dar um novo rumo a estes jovens e a todos aqueles que possam posteriormente ser influenciados por eles, dentro da comunidade. O principal objectivo é que, no final da Academia, estes jovens sejam "agentes de transformação" e estejam aptos a levar a cabo os seus próprios projectos de empreendedorismo social, contribuindo para a melhoria e o apoio dos seus próprios bairros, através do espírito ubuntu.

Evento alargado ao Porto

Destinada a 80 jovens, com idades entre os 18 e os 35 anos, esta iniciativa inclui ateliers práticos, 18 seminários e debates, conferências e ainda dois fins-de-semana residenciais e temáticos — com vista à construção de laços entre os participantes — e uma viagem final, com a duração de seis dias, com visitas a vários locais. Os temas abordados vão desde a liderança à gestão financeira, passando pela comunicação, negociação ou mediação e gestão de projecto. Desta vez, a iniciativa foi alargada também ao Porto.

Qualquer jovem das áreas do Grande Porto ou Grande Lisboa que preencha os requisitos pode candidatar-se até 30 de janeiro, mas deve ser sempre apoiado por uma instituição local, através de uma carta de recomendação. Mas a candidatura é apenas o primeiro passo. Posteriormente, haverá ainda uma entrevista pessoal e só depois disso será comunicada a admissão — ou não — na Academia.

Para não haver dúvidas, serão feitas duas sessões de esclarecimento: no Porto e em Lisboa. No norte acontece já a 25 de Janeiro, às 18h, no Campus da Foz da Universidade Católica (UCP).

A Academia Ubuntu, que nasceu em 2010, é uma iniciativa do Instituto Padre António Vieira (IPAV), que contou com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, da Fundação Oriente e do Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa da Universidade Católica.