Gomes Júnior assume-se como “candidato natural” à Presidência da Guiné-Bissau

Chefe do Governo derrubado pelos militares mantém-se disponível. Nas eleições interrompidas, obteve 49% dos votos na primeira volta.

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Gomes Júnior reclama condições para poder regressar SEYLLOU/AFP

"Há um compromisso assumido pela CEDEAO quanto ao período de transição. (...) Se não pode ser cumprido o período de transição como estava estabelecido, a única responsabilidade cabe à CEDEAO”, disse Gomes Júnior, contactado pela Lusa para comentar declarações recentes que apontam para o provável adiamento das eleições no país.

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"Há um compromisso assumido pela CEDEAO quanto ao período de transição. (...) Se não pode ser cumprido o período de transição como estava estabelecido, a única responsabilidade cabe à CEDEAO”, disse Gomes Júnior, contactado pela Lusa para comentar declarações recentes que apontam para o provável adiamento das eleições no país.

O acordo de transição na Guiné-Bissau, assinado em Maio após o golpe de Estado de 12 de Abril, previa a realização de eleições no prazo máximo de um ano, mas nos últimos tempos avolumam-se as vozes dos que não acreditam em tal possibilidade.

“A nossa reacção, como tem sido até aqui, é de prudência, é de calma”, disse o primeiro-ministro deposto, que na altura do golpe de Estado se preparava para a segunda volta das eleições presidenciais, depois de ganhar a primeira com 49% dos votos.

Carlos Gomes Júnior recordou que falta ainda definir, no quadro das exigências do Conselho de Segurança da ONU, o restabelecimento da ordem constitucional.

“Já havia terminado a primeira volta das presidenciais e aguardava-se a continuação desse acto eleitoral. Ninguém se pronuncia sobre isso”, disse.

Carlos Gomes Júnior, que está exilado em Lisboa desde o golpe de Estado, justificou ainda o adiamento do congresso do partido a que preside, o PAIGC, de Janeiro para Maio: “Em primeiro lugar têm de ser criadas as condições para o regresso do presidente do partido - porque o presidente do partido é que dirige o congresso - e dos dirigentes que estão no exterior”.

Questionado se isso significa que o congresso poderá ser novamente adiado, o dirigente afirmou que na altura “o comité central analisará” se há condições para a sua realização.

Seja como for, Carlos Gomes Júnior assume-se desde já como “candidato natural” à Presidência do país: “Naturalmente sou candidato. Ganhei a primeira volta com 49% dos votos e isso representa a esperança que o povo da Guiné-Bissau e os militantes do PAIGC depositam na minha pessoa”.