Kim Dotcom regressa à batalha da partilha de ficheiros

O fundador do Megaupload, o site encerrado há um ano pelo FBI, apresentou o seu novo negócio na Internet. Inteiramente legal, garante.

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Kim Dotcom no lançamento do novo serviço de armazenamento e partilha de ficheiros Michael Bradley/AFP

O empresário/hacker/pedra no sapato do FBI, que cumpre na segunda-feira 39 anos de idade, já tinha anunciado o seu regresso ao complexo mundo da troca de ficheiros na Internet há cinco meses. A ameaça surgiu no dia 28 de Agosto de 2012, sob a forma de um tweet: "Eles maltrataram o tipo errado. Vou virar este mundo de pernas para o ar. Adeusinho, Echelon. Olá, Liberdade."

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Este sábado – um ano depois de o FBI ter mandado encerrar o Megaupload e de a justiça norte-americana o ter mandado deter na Nova Zelândia, sob a acusação de violação dos direitos de cópia –, Kim Dotcom apresentou o Mega, um novo serviço que acredita cumprir todos os requisitos legais.

Em entrevista ao Wall Street Journal, Kim afirma que o Mega vai transformar-se num dos serviços mais importantes da Internet ao longo do próximo ano, mas admite que ainda é cedo para saber se algum dia será tão relevante como o extinto Megaupload.

Quanto ao facto de estar a enfrentar uma acusação judicial – e de poder vir a ser preso –, Kim Dotcom não vê nisso nenhum entrave a uma nova aventura, em conjunto com os outros fundadores do Megaupload: "Não podemos pôr as nossas vidas em suspenso e deixar que eles fiquem com todos os nossos bens, para que não possamos pagar bons advogados. Concluímos que, se nos deixássemos levar, estaríamos a desperdiçar o nosso talento. (...) Pensámos em usar a nossa experiência de sete anos para criar o melhor negócio de armazenamento na cloud que o mundo já conheceu."

Desta vez, Kim Dotcom não acredita que o FBI lhe bata à porta, porque afirma que o Mega "é provavelmente o site mais escrutinado da história da Internet". "Cada píxel daquele site foi analisado por advogados e é evidente que estamos a cumprir todas as leis", afirma.

A grande novidade do Mega é o seu método de encriptação, que é feito em tempo real. "Sem ser preciso instalar qualquer aplicação – acontece no browser, em segundo plano –, procede à encriptação, o que permite mais privacidade", explica Kim Dotcom.

A mesma privacidade que pode também permitir a profusão de conteúdos ilegais? "A pornografia infantil é um problema, mas, tal como acontecia com o Megaupload, os outros utilizadores podem retirar conteúdos. Se alguém identificar algo que não pode estar ali, pode entrar em contacto connosco, pedir-nos para retirarmos esse conteúdo e é isso que faremos. Iremos cumprir integralmente a lei e colaborar com as autoridades", afirma Kim Dotcom.

A diferença entre os dois serviços é que, no novo Mega, o ficheiro será encriptado no computador do utilizador antes do armazenamento, sendo depois enviada uma segunda chave para decifrar o ficheiro. Na prática, este método pode garantir que o site não será responsabilizado pela partilha de ficheiros ou pelo armazenamento de dados protegidos pela legislação da propriedade intelectual ou direitos de autor, deixando o controlo total na mão dos utilizadores.