Ricardo quer viajar da Suécia a Portugal sem dinheiro e sem telemóvel

Projecto inclui a produção de um “e-book”, com conselhos sobre poupança. "Crowdfunding" já está a decorrer

Estás em Skelleftea, na Suécia, não tens dinheiro, nem telemóvel, e queres voltar para Portugal. Parece o argumento de um filme, mas é assim que Ricardo Frade estará, se conseguir concretizar o projecto “Pé Descalço”.

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Estás em Skelleftea, na Suécia, não tens dinheiro, nem telemóvel, e queres voltar para Portugal. Parece o argumento de um filme, mas é assim que Ricardo Frade estará, se conseguir concretizar o projecto “Pé Descalço”.

Este consultor financeiro pretende viajar, de avião, até à Suécia, com a mochila às costas, roupa própria para o frio, comida apenas para a viagem de ida, máquina fotográfica, caderno de desenho e leitor mp3. Uma vez na cidade de Skeleftea, o objectivo é regressar a Portugal, mas sem dinheiro.

“O regresso será do género ‘seja o que Deus quiser’, não tenho ‘plano A’ nem ‘B’. Claro que, caso esteja com algum problema, posso sempre tentar recorrer à internet, mas não há mais nada que possa servir de apoio”, garante Ricardo Frade, ao P3. A viagem de regresso deverá demorar duas a três semanas, estima o consultor ou, na perspectiva mais pessimista, um mês. Este cálculo baseia-se em experiências similares realizadas por pessoas que o português conheceu no “couchsurfing”.

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Para concretizar este projecto, Ricardo Frade recorreu ao “crowdfunding”. O objectivo cifra-se nos 7500 euros — para a viagem, para o equipamento, para as recompensas dos financiadores e para solidariedade. O autor desta iniciativa pretende doar uma parte do dinheiro recebido à associação Mundos de Vida, a qual já apoia como membro de uma família de acolhimento.

Registo em livro

Se esta experiência for bem sucedida, dela resultara um “e-book”, com conselhos sobre poupança. “Como consultor financeiro, estou habituado a lidar com recursos financeiros. Muitas vezes ouço as pessoas dizerem que não sabem onde cortar. Com esta experiência, que pretendo genuína, uma vez que vou ter que superar os obstáculos, quero deixar algumas dicas sobre poupança, num ano como o de 2013, que se prevê difícil”, garante.

Esta não é a primeira aventura “low cost” de Ricardo Frade. Entre as façanhas, encontra-se uma viagem aos Estados Unidos, para uma acção de formação, cujo custo previsto era de 7 mil euros e que foi feita com apenas 3 mil. Para além de ter vendido o carro, para estar presente no evento, recuperou 1700 dólares, a tocar piano, num hotel.

Nesaa tarefa recorreu a dois truques de “marketing”: colocou uma nota de 100 dólares num chapéu, para dar a ideia de que alguém já lhe tinha dado dinheiro pelo concerto, e escreveu num papel “Vendi o carro para estar aqui, se gostar da minha música, ajude-me a recuperá-lo”. Para além desta viagem, Ricardo Frade esteve três semanas nos Açores, com a esposa, por 700 euros, no total.

O desafio

O desafio surgiu numa conversa com o irmão, em que Ricardo Frade afirmava ser possível fazer uma viagem de três dias, a Valência, gastando 60 euros. Perante as dúvidas do irmão, pensou em oferecer-lhe essa viagem.

“Depois, pensei que talvez pudesse embaraçar o meu irmão, colocando-o na situação de ter 60 euros para três dias. Resolvi, então, colocar-me à prova, mas com um desafio maior: regressar da Suécia, sem dinheiro”, explica.

A família, reagiu com alguma naturalidade, quando partilhou a intenção de viajar até á Suécia. “No início, ficaram algo assustados, mas como sabem que sou determinado, perceberam que não há nada a fazer."