Crise dos reféns na Argélia: islamistas cercados pelo exército

Vários reféns estrangeiros estarão ainda nas mãos do grupo armado, dizem autoridades locais.

Foto
AFP PHOTO/ENNAHAR TV

"Não houve nenhuma mudança desde ontem [sexta-feira]", disse uma fonte das autoridades argelinas à AFP, lembrando os apelos feitos pelos chefes de Estado estrangeiros para poupar a vida dos reféns.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

"Não houve nenhuma mudança desde ontem [sexta-feira]", disse uma fonte das autoridades argelinas à AFP, lembrando os apelos feitos pelos chefes de Estado estrangeiros para poupar a vida dos reféns.

Vários reféns estrangeiros, sete segundo os raptores, ainda estão nas mãos do grupo armado, próximo da al-Qaeda. O grupo revelou manter capturados três belgas, dois americanos, um japonês e um britânico, diz a AFP. Fonte de segurança argelina reconhece que estão nas mãos dos sequestradores uma dúzia de reféns, argelinos e estrangeiros. Sequestradores e reféns estão cercados por militares argelinos no interior de uma oficina no gigantesco complexo de In Amanas, noticiou a agência notíciosa argelina APS.

Um fonte militar citada pela Reuters, revelou que as forças especiais do exército argelino, que já controlam grande parte do complexo de gás ,  descobriam neste sábado os cadáveres calcinados de 15 pessoas, não tendo ainda dado qualquer informação sobre como é que morreram, nem sobre uma possível identificação dos mortos.

Os sequestradores, que estão neste momento cercados, avisaram que se suicidarão com os seus reféns se for feita alguma tentativa de assalto do exército argelino. Num telefonema para uma agência privada da Mauritânia um dos sequestradores disse que foram colocados explosivos um pouco por todo lado, incluindo nos seus corpos, e que estes podem ser detonados a qualquer momento.

Segundo a Reuters, o número e destino das vítimas ainda não foi confirmado, com o Governo argelino a manter funcionários dos países ocidentais longe do local onde os seus compatriotas foram raptados. Os relatórios feitos até este sábado são contraditórios, falando de 12 a 30 reféns mortos e com dezenas de estrangeiros ainda desaparecidos, entre eles noruegueses, japoneses, ingleses, americanos e outros.

Uma fonte citada pela agência de notícias argelina APS, forneceu um relatório provisório de sexta à noite sobre o assalto pelos militares da Argélia revelando que foram mortos 12 reféns e 18 elementos do grupo armado; e que foram libertados 132 trabalhadores estrangeiros e 573 argelinos.

A Noruega diz que oito noruegueses estão desaparecidos. A Grã-Bretanha e os Estados Unidos também confirmam que têm cidadãos em paradeiro desconhecido, mas não revelam quantos. As autoridades norte-americanas adiantaram que um voo deixou a Argélia, na sexta-feira, levando vários feridos de muitos países, mas não deu mais detalhes.

"Este fim-de-semana, temos de estar preparados para más notícias, mas ainda temos esperança", confessou Jens Stoltenberg, primeiro-ministro norueguês, citado pela Reuters. Também David Cameron, no Parlamento britânico revelou preocupação com a situação.

Na madrugada de quarta-feira, dezenas de ocidentais e centenas de trabalhadores argelinos estavam dentro do complexo fortificado, quando foram surpreendidos pelo ataque de combatentes islâmicos que exigiram a suspensão da operação militar francesa no vizinho Mali.

Centenas conseguiram escapar na quinta-feira, quando o exército argelino lançou uma operação militar de resgate dos reféns, mas muitos foram mortos pelas forças argelinas que destruiram quatro camiões que transportavam reféns, de acordo com a família de um engenheiro norte-irlandês que escapou de um camião e sobreviveu.

Os líderes da Grã-Bretanha, Japão e outros países expressaram frustração de que o assalto tenha sido levado a cabo sem consulta prévia e queixam-se de falta de informação por parte das autoridades argelinas.