Presidente da Câmara de Viana acusa Passos Coelho de "estar em guerra com o país"
Autarca de Viana do Castelo convocou de urgência os seus homólogos do Alto Minho para uma reunião esta tarde, da qual deve sair reacção a anúncio de novas portagens nas ex-Scut.
“O senhor Primeiro-Ministro tem dito que o país está em guerra. O que nós não sabíamos é que o senhor Primeiro-Ministro está em guerra com o país. Não podemos permitir este ataque tão brutal às nossas empresas que estão a fazer esforço hercúleo para resistir a este pacote fiscal”, avisou o autarca.O socialista José Maria Costa equaciona até a possibilidade de “insurreição e desobediência” a uma medida que, no seu entender provocará o “colapso total e final de toda a economia região”.
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“O senhor Primeiro-Ministro tem dito que o país está em guerra. O que nós não sabíamos é que o senhor Primeiro-Ministro está em guerra com o país. Não podemos permitir este ataque tão brutal às nossas empresas que estão a fazer esforço hercúleo para resistir a este pacote fiscal”, avisou o autarca.O socialista José Maria Costa equaciona até a possibilidade de “insurreição e desobediência” a uma medida que, no seu entender provocará o “colapso total e final de toda a economia região”.
Os presidentes das dez Câmaras Municipais do distrito de Viana do Castelo, agrupados na Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho reúnem esta tarde, de “urgência”, em Ponte de Lima, para uma tomada de posição conjunta sobre as medidas anunciadas pelo Governo relativas à introdução de mais pórticos automáticos de cobrança de portagens na A28 e na A27.
Segundo um documento do Governo, entregue à “troika” durante a sexta avaliação do memorando de entendimento, de 15 novos locais de cobrança que o Governo prevê instalar, serão introduzidos novos pórticos na ex -Scut do Norte Litoral nos troços entre Viana do Castelo e Ponte de Lima (três), entre o Porto e Viana do Castelo (dois) e entre Viana do Castelo e Caminha (dois).
O autarca lembrou que a região já foi “altamente penalizada” com a introdução de portagens na A28 em 2010, “com quebras a rondar os 30 a 40 por cento no sectores do comércio, turismo e restauração” e, adiantou que “a implementarem-se estas medidas seria o fim do Alto Minho. Era o regresso aos anos 50 e 60 e termos que emigrar todos. Vamos convocar todas as forças económicas e sociais para protestarmos porque isto era o colapso total”, sustentou.
O líder da CIM do Alto Minho, Rui Solheiro, afirmou que se trata de uma medida “inaceitável”. O autarca que preside à Câmara Municipal de Melgaço adiantou que ainda hoje o Conselho Directivo e a Assembleia Intermunicipal da estrutura que reúne dos dez concelhos do distrito de Viana irá fazer chegar junto do Governo a sua “total oposição” a esta medida.
O presidente da Câmara de Ponte de Lima, único autarca do CDS-PP no país, também manifestou a sua “total oposição” à introdução de portagens na A27, no troço entre Viana do Castelo e Ponte de Lima. Vítor Mendes afirmou que se trata de “um ataque” à região que tem que se unir e lutar contra a medida do Governo. “Uma região que tem um PIB per capita inferior à medida nacional precisava de medidas opostas às que estão a ser anunciadas”, adiantou.
Mendes afirmou ainda não entender a possível instalação de mais pórticos de cobrança de portagens no Alto Minho e apelou ao “bom senso”do Governo. “Somos frontalmente contra a introdução de portagens e não percebo o porquê de se insistir numa decisão que, noutras situações, teve efeitos nefastos para as empresas, cidadãos e até para o Estado, fortemente prejudicado pela diminuição do trânsito. Foi um negócio ruinoso para o Estado”, sustentou.
Em Caminha, o executivo social-democrata garantiu que não irá olhar à cor política do Governo e contestará de todas as formas a introdução de portagens na A28. O vice-presidente da Câmara liderada por Júlia Paula Costa explicou que a autarquia irá estar ao “lado da população”. “Embora sendo um Governo do mesmo partido a autarquia tem que estar ao lado da população porque é altamente penalizador e ainda mais para Caminha que está no extremo desta via que é estruturante na ligação ao Porto”, sustentou.
O Movimento Naturalmente Não às Portagens na A28 considerou que a concretizar-se esta medida será um “forte e definitivo ataque ao Alto Minho”. “O Alto Minho morre porque fica completamente sitiado”, frisou Jorge Passos. O porta-voz do movimento cívico adiantou que as comissões de utentes da região Norte já estão a preparar uma reunião para analisar a situação. Jorge Passos considerou ser o inevitável o regresso das manifestações e, nesse sentido, apelou a uma forte resposta dos utentes a esta nova investida do Governo.
“Espero que o Governo ainda venha a recuar mas só recuará se a contestação for forte e coesa”, sustentou. Além de apelar à mobilização da população do Alto Minho para a contestação à introdução de mais portagens, Jorge Passos deixou um aviso aos deputados eleitos pelo Alto Minho. “Espero que, independentemente dos partidos que representam, que se unam e que demonstrem a quem os elegeu que estão eleitos para defender os interesses desta região sob pena de caírem no descrédito absoluto e, de nas próximas eleições, as pessoas virarem as costas aos partidos e aos políticos”, rematou.
O presidente do Conselho Empresarial dos Vales do Lima e Minho (CEVAL) e da Associação Empresarial de Viana do Castelo (AEVC), Luís Ceia manifestou-se incrédulo relativamente à possibilidade de serem “verdadeiras as intenções governamentais de introduzir novas portagens no Alto Minho. Porque a ser assim, isso representaria um funeral antecipado da economia regional”, alertou.
A confirmar-se a intenção do Governo, Luís Ceia afirmou que “poderia representar o fecho, a curto prazo, de várias empresas que já não estão a conseguir suportar os efeitos da carga fiscal e do pagamento a que já estão sujeitas para circular entre o Porto e Viana do Castelo”. “O Alto Minho que tem vindo a perder todos os motivos para fixar empresas e população”, acrescentou.
Para o presidente do CEVAL e da AEVC “a introdução sucessiva de portagens representa um desperdício de dinheiros públicos uma vez que o investimento feito nas ex - Scut deixa de estar ao serviço das populações e das empresas, não cumprindo assim a finalidade para o qual foi destinado.”
Notícia de agência substituída por peça própria às 12h25