Cientistas temem que poluição da China chegue aos EUA

Imagens da NASA mostram como a poluição tapou totalmente algumas cidades da China.

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Um grupo de investigadores americanos da Universidade de Washington-Bothell, em Seattle, Washington, tem estudado a forma como a poluição se move pelo mundo. Uma vez que não existem fronteiras para a poluição atmosférica e como as partículas poluentes depois de emitidas nunca mais desaparecem, os cientistas dizem que a massa de ar poluído que afectou a China poderá atingir os Estados Unidos.

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Um grupo de investigadores americanos da Universidade de Washington-Bothell, em Seattle, Washington, tem estudado a forma como a poluição se move pelo mundo. Uma vez que não existem fronteiras para a poluição atmosférica e como as partículas poluentes depois de emitidas nunca mais desaparecem, os cientistas dizem que a massa de ar poluído que afectou a China poderá atingir os Estados Unidos.

Segundo o professor de química atmosférica e ambiental daquela universidade, Dan Jaffe, as correntes de ar sentidas nas latitudes médias do Hemisfério Norte fazem com que a poluição chinesa possa vir a atravessar o oceano Pacifico pelo que – se as condições atmosféricas se mantiverem - substâncias como mercúrio, ozono, enxofre, óxidos de azoto, carbono e poeira do deserto podem alcançar a costa oeste dos Estados Unidos em poucos dias. Um dos exemplos recentes que melhor ilustra esta situação é as tempestades de areia provenientes do deserto Gobi que, em 1998 e 2001, transportaram vários poluentes para os EUA.

Os níveis de poluição em Pequim atingiram valores na ordem dos 400 microgramas por metro cúbico de ar, segundo leituras oficiais chinesas e foram considerados perigosos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). As autoridades alertaram para que as pessoas – sobretudo idosos e crianças - permanecessem dentro dos edifícios e, nas zonas mais afectadas, as auto-estradas foram cortadas e a prática de actividades ao ar livre proibida.

Poluição com piadas
Esta segunda-feira, os níveis de poluição baixaram para 281 microgramas por metro cúbico, o que a televisão estatal chinesa CCTV, que avançou a notícia, classificou como “uma melhoria evidente”. Embora estes valores ainda sejam considerados não saudáveis pela OMS, a população de Pequim reagiu de uma forma positiva e não tem perdido o sentido de humor.

Nas redes sociais, particularmente no Twitter, as piadas relativas às condições do ar na capital chinesa multiplicavam-se. “A distância mais longa no mundo não é a distância entre a vida e a morte, mas o facto de não me conseguires ver quando eu estou ao teu lado numa rua em Pequim”, escreveu um chinês.

Na Internet, os utilizadores referem-se geralmente a Pequim como Capital of Smog (capital do nevoeiro e do fumo, em português) e alguns chegam a sugerir este como o momento ideal para o bilionário chinês Chen Guangbiao colocar à venda a sua invenção extravagante, que há alguns meses deu que falar: ar fresco engarrafado.

O antes e o durante
A agência espacial norte-americana NASA divulgou esta semana fotografias aéreas antes e durante a onda de poluição que atingiu a China. Com 11 dias de intervalo (3-14 de Janeiro), as imagens satélite foram tiradas exactamente da mesma posição.

Na fotografia do dia 14 de Janeiro vê-se um nevoeiro extenso e nuvens baixas, “com um toque cinzento ou amarelo devido à poluição atmosférica”, lê-se no site da NASA. Nas áreas sem nuvens, um nevoeiro cinzento-acastanhado mancha as cidades de Pequim e Xangai. As áreas terrestres visíveis estão cobertas de neve. No momento em que a imagem satélite foi capturada, a leitura da embaixada dos Estados Unidos indicava níveis de poluição de 291 microgramas por metro cubico de ar.