Partido X espanhol quer copiar "wikidemocracia" islandesa

Novo partido de defensores da cultura livre da Internet começa a definir o programa político online

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Protesto contra os cortes na saúde na região de Madrid Susana Vera/REUTERS

“Estamos a andar muito depressa, sim; mas é preciso agir rapidamente, se não vão roubar-nos tudo, deixar-nos sem hospitais, sem escolas. Esta é uma operação de emergência”, disse uma das porta-vozes do Partido do Futuro ao El País. Os membros do Partido X querem manter o anonimato até chegar o momento de se candidatarem a eleições – o importante não são os rostos, dizem, são as propostas, o programa.

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“Estamos a andar muito depressa, sim; mas é preciso agir rapidamente, se não vão roubar-nos tudo, deixar-nos sem hospitais, sem escolas. Esta é uma operação de emergência”, disse uma das porta-vozes do Partido do Futuro ao El País. Os membros do Partido X querem manter o anonimato até chegar o momento de se candidatarem a eleições – o importante não são os rostos, dizem, são as propostas, o programa.

No endereço http://partidodelfuturo.net/programa/ encontra-se o que o Partido X considera serem os “quatro mecanismos para estabelecer uma verdadeira democracia onde os cidadãos tenham controlo sobre o que se legisla e executa”. Estes são o referendo, o “wikigoverno, ou a elaboração de legislação participativa e transparente”, o direito ao voto “real e permanente” e a transparência na gestão pública.

Quanto ao mecanismo do referendo, espera-se que seja “obrigatório e vinculativo”, para “validar todas as leis estruturais”, e que pode servir para propor novas leis ou para acabar com outras que existam. O wikigoverno inspira-se no exemplo da Islândia, onde foi elaborada uma proposta de Constituição de forma participativa, através da Internet, ou o Marco Civil de Internet, no Brasil (http://culturadigital.br/marcocivil/debate), em que os cidadãos podem de facto exprimir a sua opinião através de uma plataforma online quando está a ser elaborada legislação.
 
Esta formação política, que nasceu no dia 8 de Janeiro,  integra membros do movimento de protesto 15M, pretende capitalizar iniciativas e propostas da sociedade civil, integrando ideias da Plataforma dos Afectados pela Hipoteca ou a proposta alternativa à privatização das unidades de saúde do Comité Profissional Sanitário de Madrid, adianta o El País.

O partido anuncia um calendário em seis passos: a apresentação do texto de partida do programa político, que foi feito agora; a fase de documentação e reflexão, para quem queira colaborar (16 a 29 de Janeiro); propostas e críticas (29 de Janeiro a 10 de Fevereiro); pôr em ordem o material recolhido (de 10 de Fevereiro até ao fim desse mês); no início de Março será publicado o texto definitivo do programa; como remate, pretendem que o documento seja apresentado ao Conselho de Ministros do dia 5 de Abril.

Tudo isto é um pouco maluco, pelo menos? “Esta pode ser uma experiência descabelada, mas são as experiências malucas que mudaram a história da humanidade”, disse ao El País uma das porta-vozes do Partido X. “Lá por sermos simpáticos e usarmos um tom irónico não quer dizer que não sejamos sérios. Estamos a fazer um trabalho muito sério, de fundo, com conteúdo. A sociedade civil está preparada para isto.”

Em apenas uma semana, o Partido X conseguiu mais de 16 mil seguidores no Twitter e mais de 10 mil amigos no Facebook.