Aviação francesa mantém pressão sobre rebeldes no Mali

Raides aéreos prosseguem na região central do país, onde dezenas de combatentes terão já sido mortos, incluindo um comandante jihadista. Ministro da Defesa francês diz que, sem intervenção militar, a capital do Mali teria caído "em dois ou três dias".

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Militares franceses estacionados no Chade partem em direcção a Bamaco Nicolas Richard/ECPAD/Reuters

“Há raides em permanência. Há neste momento, houve nesta noite e haverá amanhã”, disse o ministro da Defesa francês, Jean-Yves Le Drian, em entrevista à rádio Europe 1, sem entrar em detalhes sobre a dimensão das forças envolvidas, nem do desenrolar dos acontecimentos.

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“Há raides em permanência. Há neste momento, houve nesta noite e haverá amanhã”, disse o ministro da Defesa francês, Jean-Yves Le Drian, em entrevista à rádio Europe 1, sem entrar em detalhes sobre a dimensão das forças envolvidas, nem do desenrolar dos acontecimentos.

Contudo, do terreno chegam notícias de que, depois dos progressos feitos na quarta e quinta-feira (antes da chegada do apoio aéreo francês), os rebeldes sofreram baixas pesadas. Um comandante regional disse no sábado que o Exército do Mali tinha reconquistado Konna, cidade que é portão de entrada para o Sul do país, fazendo “dezenas, talvez mesmo uma centena de mortos”.

A informação foi hoje repetida por “uma fonte da segurança regional” à agência AFP, acrescentando que entre os mortos está Abdel Krim, um comandante conhecido como Kojac e que é braço direito do líder do Ansar Dine, e que terá sido alegadamente morto durante os combates pelo controlo de Konna.

O Ansar Dine é um dos grupos jihadistas que, a par do Movimento Nacional para a Unidade e a Jihad na África Ocidental (MUJAO, com ligações à Al-Qaeda no Magrebe), controla actualmente o Norte do Mali. Assumiram juntos o comando da rebelião inicialmente liderada por nacionalistas tuaregues que, em Março do ano passado, expulsaram o Exército daquela vasta região desértica.

Na entrevista desta manhã, Yves Le Drian afirmou que sem a intervenção francesa, que se antecipou à chegada de uma missão africana mandatada pela ONU, Bamaco “teria caído em dois ou três dias”. Na véspera, o Presidente francês, François Hollande, garantiu que a entrada em acções dos helicópteros e dos aviões Mirage “travou” o avanço dos islamistas para Sul, mas o ministro da Defesa mostrou-se mais prudente. “As intervenções estão ainda em curso e vamos continuá-las para impedir a progressão [dos islamistas] para Sul, o que já foi feito em parte, mas não totalmente”, explicou, sublinhando que uma operação deste género “não se conclui em dois dias”.

O ministro reafirmou ainda que a missão francesa tem como principal objectivo criar condições para que a força da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), num total de 3300 homens, e o Exército do Mali “avancem para garantir a integridade do território”, não estando previsto o envolvimento dos soldados gauleses na reconquista do Norte.

Entretanto, estão já em Bamaco centenas de soldados do Agrupamento Táctico Interarmas que estavam estacionados no Chade e na Costa do Marfim, a que se vão juntar nas próximas horas militares vindos directamente de França. A sua missão, segundo o Ministério da Defesa, é garantir a protecção dos cerca de seis mil cidadãos franceses residentes na região e “apoiar a protecção da capital”.