Quase metade dos portugueses preferia trabalhar por conta própria
São mais os que optariam por ser trabalhadores por conta própria. Mas a maioria considera que ter um negócio pode não ser a melhor opção. Dados do Eurobarómetro.
Ao contrário de Portugal, onde há um equilíbrio de respostas sobre o tipo de emprego, na União Europeia (UE), há mais cidadãos que preferem o estatuto de empregado (58%) ao de patrão (37%).
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Ao contrário de Portugal, onde há um equilíbrio de respostas sobre o tipo de emprego, na União Europeia (UE), há mais cidadãos que preferem o estatuto de empregado (58%) ao de patrão (37%).
O inquérito foi feito a 42.080 cidadãos de 40 países (os 27 da UE e mais 13), sendo que em Portugal foram inquiridas mil pessoas.
Os dados mostram que, face há três anos, há menos cidadãos – portugueses como outros europeus – que querem trabalhar por conta própria. Com a crise económica e financeira, as perspectivas comerciais são piores – “menos promissoras”, enquadra a Comissão Europeia – e isso reflecte-se nas preferências dos inquiridos.
No caso português, do universo que optaria por um emprego por contra própria, a maioria refere a independência como a principal motivação (55% das pessoas). A segunda razão, referida por 23%, tem a ver com a liberdade de escolha do horário e do local de trabalho; e a terceira vantagem, indicada por 16% dos inquiridos, é a expectativa de obterem rendimentos mais elevados. Razões que são também apontadas por esta ordem pelos outros europeus.
Estes dados devem, no entanto, ser lidos com cautela, já que são os próprios inquiridos que reconhecem, na sua maioria, que assumir a condução de um negócio pode na prática não ser a melhor opção em Portugal. Para 51%, o emprego por conta própria não é desejável, havendo neste grupo 26% a indicarem que “não é muito desejável” e 25% que apontam que “não é de todo desejável”.
Do lado oposto estão 47% dos inquiridos (22% consideram este um cenário “muito desejável” e 25% “bastante desejável”).
O medo de o negócio falhar assusta a maioria. A entrada da empresa em bancarrota, o risco de a pessoa perder a propriedade e de se perder dinheiro são os maiores receios. A isto se refere, aliás, o Antonio Tajani, vice-presidente da Comissão e responsável pela Indústria e Empreendedorismo, quando sublinha que concretizar um projecto exige riscos e esforços pessoais. “Os empresários [europeus] são os heróis do nosso tempo”, diz numa nota da representação da Comissão Europeia em Portugal.
Na verdade, menos de um quarto dos portugueses inquiridos disse ter aberto ou planeado abrir um negócio. Nisto, os portugueses acompanham a tendência europeia, já que na UE 77% refere nunca ter aberto ou programado abrir uma empresa.
Num momento em que o desemprego está num nível recorde na zona euro (em Portugal acima dos 16%, segundo o Eurostat), Bruxelas considera que a Europa precisa de mais empresários para o crescimento ser retomado e haver criação de postos de trabalho.
“Responsáveis pela criação de quatro milhões de novos empregos por ano, são as novas empresas, em especial as pequenas e médias empresas (PME), quem cria mais novos postos de trabalho na Europa”, refere-se numa nota da representação da Comissão em Portugal, a propósito de um plano apresentado por Antonio Tajani para apoiar as PME.