O fim do mercado dos jogos usados?
A Sony terá patenteado uma tecnologia que permite bloquear os jogos usados. Mas o consumidor não tem meios para poder comprar jogos originais ao seu preço inicial. Quem sai a ganhar?
Os jogos em segunda mão são uma forma de os consumidores que não têm um orçamento elevado para o entretenimento de poderem jogar os videojogos que desejam sem despender muito dinheiro.
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Os jogos em segunda mão são uma forma de os consumidores que não têm um orçamento elevado para o entretenimento de poderem jogar os videojogos que desejam sem despender muito dinheiro.
É um facto que a maior parte das lojas no território nacional “vive” deste tipo de negócio com os consumidores. O negócio dos jogos usados tem o condão de beneficiar tanto os consumidores como as lojas, visto que Portugal é um mercado extremamente reduzido para que os videojogos entre 50 a 70 euros tenham grande saída.
Mas levanta-se outra questão pertinente: o preço dos jogos usados. Por vezes, o preço dos videojogos usados, com alguns anos de existência e que já tiveram direito a sequelas é exorbitante quando ponderados os factores anteriores. Um jogo de 2007 usado não pode custar 30 euros; é certo que as lojas precisam de vitalidade financeira, mas os consumidores também estão em crise e o entretenimento é das primeiras coisas onde se cortam os gastos.
No entanto, surgiu uma questão mais recente e mais alarmante para os consumidores: a Sony, uma empresa líder do mercado das consolas, terá patenteado uma tecnologia que permite bloquear os jogos usados. Se o código do utilizador e o código do jogo não coincidirem, poderá bloquear os títulos obtidos em segunda mão.
Esta é uma forma de suprimir o mercado dos jogos usados e tentar forçar os consumidores a comprarem os jogos originais. Ou seja, com esta tecnologia o jogo nem poderá ser emprestado porque não funcionará noutra consola; as lojas de retalho que vendem jogos em segunda mão também serão asfixiadas caso esta medida seja aplicada.
Ao ser aplicada esta tecnologia, a Sony poderá perder grande parte dos seus consumidores actuais e futuros porque torna a via do entretenimento praticamente insustentável. O consumidor não tem meios para poder comprar jogos originais ao seu preço inicial; este facto poderá conduzir a dificuldades financeiras tanto nas empresas como nas próprias produtoras que não terão o lucro necessário com a venda dos videojogos. Por isso, esta tecnologia trará grandes vantagens para a Sony? Não me parece.