Projecto para salvar priolo busca dinheiro via "crowdfunding"
Há oito anos que a SPEA trabalha pela preservação do priolo, um pássaro que só existe na ilha de São Miguel, nos Açores
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A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) está a voltar-se para o financiamento colectivo – conhecido pelo termo inglês "crowdfunding" – para manter um projecto para salvar uma das aves mais ameaçadas de extinção em Portugal.
Há oito anos que a SPEA trabalha pela preservação do priolo, um pássaro que só existe na ilha de São Miguel, nos Açores, e que chegou a estar classificado como “criticamente em perigo” de desaparecer para sempre do planeta, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza.
O priolo é uma pequena ave, com cerca de 15 centímetros e 30 gramas. O seu principal inimigo é a destruição do seu habitat natural, a floresta Laurissilva – um tipo de vegetação que sobreviveu à última glaciação nos Açores, Madeira e Canárias.
Além da expansão humana, a Laurissilva tem vindo a sofrer com a competição de plantas exóticas, introduzidas nos arquipélagos. A população do priolo estava reduzida a 300 indivíduos em 2003, quando a SPEA iniciou o seu projecto de conservação, com verbas do programa europeu Life. “Agora são 2000”, afirma Luís Costa, director executivo da organização.
Mas o financiamento europeu acabou e um novo projecto só poderá arrancar no segundo semestre deste ano, caso seja aprovado em Julho. Sem dinheiro, segundo Luís Costa, não será possível mais do que manter algumas actividades de educação ambiental. “O trabalho de oito anos pode voltar atrás”, alerta Luís Costa.
A organização pretende angariar 21.500 euros nos próximos dois meses. É a sétima campanha da iniciativa Naturfundig, criada em Julho do ano passado pelo portal ambiental português Naturlink em parceria com a plataforma norte-americana Indiegogo. Um projecto para a preservação do lobo ibérico, de responsabilidade do Grupo Lobo, conseguiu angariar quase 55.000 euros – dos 192.000 euros de que necessitava.
Outros projectos da Naturfunding incluem desde a preservação dos burros (3200 euros obtidos) até à publicação de uma agenda com ilustrações e informações sobre a natureza em África – a iniciativa com mais sucesso (62% do dinheiro necessário).