Metro de Mirandela pode acabar e deixar Vale do Tua sem transportes
Nova legislação do sector empresarial local pode levar à dissolução da empresa, deficitária, que é participada maioritariamente pelo município transmontano.
António Branco, que é também presidente da Câmara de Mirandela, explicou à Lusa que em causa está a nova legislação do sector empresarial local, que pode levar à dissolução da empresa participada maioritariamente pelo município transmontano. A decisão será tomada ainda no primeiro trimestre do ano e, se não houver alguma entidade que assuma o serviço e a dívida de cerca de 750 mil euros, o metro será extinto e terá de ser procurada alternativa para a mobilidade no Vale do Tua.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
António Branco, que é também presidente da Câmara de Mirandela, explicou à Lusa que em causa está a nova legislação do sector empresarial local, que pode levar à dissolução da empresa participada maioritariamente pelo município transmontano. A decisão será tomada ainda no primeiro trimestre do ano e, se não houver alguma entidade que assuma o serviço e a dívida de cerca de 750 mil euros, o metro será extinto e terá de ser procurada alternativa para a mobilidade no Vale do Tua.
O metropolitano de superfície de Mirandela foi o segundo a ser criado em Portugal, há 20 anos, e acabou por ser o garante da manutenção do último troço da Linha do Tua, no Nordeste Transmontano, ao assegurar o transporte ferroviário ao serviço da CP.
As automotoras só já circulam em apenas 15 quilómetros de ferrovia entre Mirandela e o Cachão, mas o metro continua a assegurar a mobilidade na região, já que gere também os transportes alternativos ao comboio desde Agosto de 2008, data do último de quatro acidentes que ditaram a suspensão da circulação ferroviária.
Os transportes alternativos chegaram a ser suspensos por alguns dias, há meio ano, mas o serviço está assegurado com financiamento da CP, segundo garantiu esta quinta-feira à Lusa o autarca António Branco. A ameaça, agora, acrescentou, são os constrangimentos causados pela nova legislação do sector empresarial local, que obriga o município a rever as participações em sociedade comerciais.
O problema é o passivo do metro de Mirandela, com prejuízos acumulados de ano para ano e uma dívida para amortizar de cerca de 750 mil euros da aquisição do material circulante, ou seja, das três automotoras que operavam na Linha do Tua. “Alguém tem que entrar com esse dinheiro ou assumir o estorno das próprias locomotivas”, afirmou o autarca, lembrando que a CP é também accionista da empresa e o equipamento foi adquirido na sequência do acordo com a operadora. A única certeza de António Branco é a de que “a câmara municipal [de Mirandela] não tem condições para assumir esses encargos”.
Uma solução defendida pelo autarca social-democrata é a de a agência de desenvolvimento do Vale do Tua assumir o metro.Este organismo foi criado no âmbito das contrapartidas da EDP pela barragem que está a ser construída em Foz Tua e ditou a desactivação da linha, já que irá submergir 16 quilómetros de carris. A agência é responsável pelo novo plano de mobilidade ferroviária e rodoviária para o Vale do Tua, que só deverá estar pronto dentro de quatro anos, com a conclusão da barragem.
Até lá, as diferentes entidades envolvidas no processo comprometeram-se a assegurar a mobilidade das populações.
Antecipar a passagem da gestão do serviço para a agência seria, por isso, “uma boa solução” para resolver o problema criado com o futuro do metro, na opinião de António Branco.