Entre Irmãs
Será, provavelmente, abusivo invocar o santo nome de Ernst Lubitsch a propósito do novo filme da americana Lynn Shelton (Humpday/Deu para o Torto, 2009) - não há realmente comparação possível entre o mestre da comédia da “era clássica” e a aposta de Shelton na improvisação controlada dos actores. Mas a leveza, a graça, a espontaneidade com que esta actualização da comédia de enganos se desenvolve, com um homem deprimido apanhado no meio de duas irmãs, uma que ama e outra com quem foi para a cama, evoca forçosamente a tradição Lubitschiana, no modo como se fala de coisas muito sérias com um sorriso nos lábios, na elegância desempoeirada e moderna com que se abordam o sexo e o amor. É, além disso, um momento raríssimo de encontro entre três actores excelentes, uma câmara atenta mas nunca intrusiva manejada por um director de fotografia em momento de inspiração e uma realizadora com uma noção inata de ritmo e tempo. Belíssima surpresa para fechar 2012 e abrir 2013.
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Será, provavelmente, abusivo invocar o santo nome de Ernst Lubitsch a propósito do novo filme da americana Lynn Shelton (Humpday/Deu para o Torto, 2009) - não há realmente comparação possível entre o mestre da comédia da “era clássica” e a aposta de Shelton na improvisação controlada dos actores. Mas a leveza, a graça, a espontaneidade com que esta actualização da comédia de enganos se desenvolve, com um homem deprimido apanhado no meio de duas irmãs, uma que ama e outra com quem foi para a cama, evoca forçosamente a tradição Lubitschiana, no modo como se fala de coisas muito sérias com um sorriso nos lábios, na elegância desempoeirada e moderna com que se abordam o sexo e o amor. É, além disso, um momento raríssimo de encontro entre três actores excelentes, uma câmara atenta mas nunca intrusiva manejada por um director de fotografia em momento de inspiração e uma realizadora com uma noção inata de ritmo e tempo. Belíssima surpresa para fechar 2012 e abrir 2013.