Telescópio espacial Herschel está nos últimos meses de vida
O material que está a arrefecer os instrumentos para o telescópio poder fazer as observações está a esgotar-se.
O telescópio espacial foi lançado a 14 de Maio de 2009 para compreender a evolução das estrelas e galáxias. Durante este tempo observou objectos muito gelados e distantes, que têm entre 268 e 223 graus negativos, muito perto do zero absoluto (273 graus negativos). Apesar de frios, estes objectos emitem energia em comprimentos de onda que estão na zona mais distante dos infravermelhos.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O telescópio espacial foi lançado a 14 de Maio de 2009 para compreender a evolução das estrelas e galáxias. Durante este tempo observou objectos muito gelados e distantes, que têm entre 268 e 223 graus negativos, muito perto do zero absoluto (273 graus negativos). Apesar de frios, estes objectos emitem energia em comprimentos de onda que estão na zona mais distante dos infravermelhos.
O enorme espelho do Herschel, com 3,5 metros de diâmetro, capta estas ondas entre os 55 e 672 micrómetros. Mas os instrumentos têm de estar a poucas décimas acima do zero absoluto para a radiação emitida pelo seu próprio calor não se confundir com as ondas electromagnéticas que vêm do cosmos. O aparelho de 3300 quilos foi carregado com 2160 litros de hélio que faz a refrigeração dos instrumentos e estará quase gasto.
Durante estes anos, o aparelho detectou berços de estrelas e confirmou a existência de moléculas de oxigénio no espaço. O custo da missão foi de 1100 milhões de euros.
“Ao perscrutar as grandes nuvens de gás e pó que são 'maternidades' de estrelas e ao detectar a luz submilimétrica emitida pelo gás que rodeia as estrelas acabadas de nascer, o Herschel está a fazer um grande estudo sobre a formação de estrelas, que é uma das grandes questões da astronomia”, escreveu agora Steve Eales num artigo do Physics Worlds, um site do Instituto de Física, de Londres.
Segundo o astrónomo, que pertence à Universidade de Cardiff e lidera um dos maiores projectos do Herschel, haverá ainda muitos dados para analisar depois de o telescópio deixar de trabalhar.
O destino final do Herschel ainda está por decidir. Apesar de os instrumentos de observação deixarem de funcionar assim que o hélio se extinguir, o resto do equipamento – desde os computadores até aos propulsores – continuam activos. Uma das hipóteses é colocá-lo numa órbita à volta do Sol que, durante uns séculos, não causará problemas na Terra.
Outro, mais ousado, é pôr o telescópio numa rota de colisão com a Lua. O objectivo é causar uma cratera com alguns metros de profundidade e com isso permitir que outro satélite artificial, que orbite a Lua, procure por água. Pensa-se que no subsolo das regiões mais recônditas da Lua, não iluminadas pelo Sol, possa haver água. Seria um final explosivo para o Herschel, em nome da ciência.