Jerónimo critica “choradinho” de Passos Coelho, Semedo acusa-o de cinismo social
Primeiro-ministro escreveu quarta-feira na rede social Facebook que os portugueses não tiveram o Natal que mereciam nem a Consoada a que estavam habituados.
No final de uma reunião entre os líderes dos dois partidos, na sede do PCP, em Lisboa, Jerónimo de Sousa enviou um recado ao primeiro-ministro, dizendo-lhe que “mais valia estar calado”. O secretário-geral comunista reagia assim à mensagem publicada por Pedro Passos Coelho na rede social Facebook, quarta-feira.
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No final de uma reunião entre os líderes dos dois partidos, na sede do PCP, em Lisboa, Jerónimo de Sousa enviou um recado ao primeiro-ministro, dizendo-lhe que “mais valia estar calado”. O secretário-geral comunista reagia assim à mensagem publicada por Pedro Passos Coelho na rede social Facebook, quarta-feira.
Depois de já se ter dirigido aos portugueses na habitual mensagem de Natal do primeiro-ministro transmitida na noite de 25 pela RTP, Passos escreveu, quarta-feira à tarde, na rede social: ““Este não foi o Natal que merecíamos. Muitas famílias não tiveram na Consoada os pratos [a] que se habituaram. Muitos não conseguiram ter a família toda à mesma mesa. E muitos não puderam dar aos filhos um simples presente.”
Jerónimo questionou, esta quinta-feira, a quem se dirigia a declaração de Passos: “Estava a falar para quem, o senhor primeiro-ministro? Para um desempregado, para aquele que perdeu a casa, para aquele empresário arruinado, para aqueles portugueses que sofrem e que sabem que estes sacrifícios não estão a levar a lado nenhum?”
O líder do PCP defendeu que o silêncio de Passos teria sido menos ofensivo do que as palavras que dirigiu aos portugueses: “Foi pior a emenda do que o soneto, de facto, com aquele choradinho no seu Facebook. Mais valia estar calado. Não faça isso porque os portugueses sentem-se ofendidos, particularmente aqueles que estão a sentir na pele o resultado desta política.”
Também o líder do BE, João Semedo, acusou Passos de “cinismo social” perante uma situação “trágica e dramática” como aquela que o país enfrenta. “São palavras com cinismo social, na exacta medida em que Pedro Passos Coelho é o único responsável por esta política e pelos seus efeitos dramáticos”, disse.
João Semedo defendeu igualmente que “nem o país nem os portugueses merecem uma situação tão trágica e tão dramática, não merecem a política de sacrifícios e de austeridade que Passos Coelho tem concretizado e que promete, no futuro, continuar”.
A reunião entre os líderes do PCP e do BE foi pedida pelos bloquistas. Os coordenadores João Semedo e Catarina Martins pretendiam apresentar aos comunistas as principais conclusões do congresso do BE realizado em Novembro. Na altura, os líderes bloquistas definiram como prioridade da actuação política do partido unir esforços e ampliar convergências para a formação de um governo de esquerda que rompa com a troika. A primeira reunião foi com a CGTP, seguindo-se a UGT e o PS.