Oposição critica mensagem de Natal do primeiro-ministro
PS diz que mensagem "não cola com a realidade" do país. Para o PCP foi "patética". Já o BE lembra que sempre que o primeiro-ministro anuncia o fim da crise seguem-se mais sacrifícios.
“O que o primeiro-ministro disse não cola com a realidade. O primeiro-ministro diz que estamos no bom caminho, mostra-se, aliás, orgulhoso daquilo que está a fazer, mas perguntamos: bom caminho para quem? Para os desempregados, para os jovens que são forçados a emigrar, para os mais de 300 mil portugueses que não beneficiam de nenhum apoio social?”, diz o porta-voz do Partido Socialista, João Ribeiro.
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“O que o primeiro-ministro disse não cola com a realidade. O primeiro-ministro diz que estamos no bom caminho, mostra-se, aliás, orgulhoso daquilo que está a fazer, mas perguntamos: bom caminho para quem? Para os desempregados, para os jovens que são forçados a emigrar, para os mais de 300 mil portugueses que não beneficiam de nenhum apoio social?”, diz o porta-voz do Partido Socialista, João Ribeiro.
“O primeiro-ministro diz que estamos no bom caminho, mas somos confrontados todos os dias com relatórios da Comissão Europeia, com relatórios da execução orçamental e tudo nos diz que estamos no mau caminho. Não houve até agora uma única previsão do Governo que tenha sido acertada”, acrescenta o dirigente, destacando números do desemprego, do crescimento económico e do défice das contas públicas.
Para o PS, “não é por se desejar muito uma coisa que ela acontece”. “E portanto, sinceramente, não compreendemos que bom caminho é esse de que o primeiro-ministro fala, porque deve ser seguramente de outro país que não Portugal”, continua João Ribeiro.
Para o dirigente socialista, Passos Coelho “ignora os portugueses e fala de um país que não existe, revela como sempre insensibilidade social e está cada vez mais sozinho, isolado na sua torre de marfim”. “É mais uma das muitas declarações infelizes do primeiro-ministro”, sublinha, dizendo que os portugueses estão hoje “em reflexão”, com as famílias, “a antecipar com medo, com receio, um futuro com cada vez menos esperança”, e mereciam “todos mais respeito”. “E essa declaração não respeitou os portugueses”, conclui.
PCP acusa primeiro-ministro de mentir
O PCP considera “patética” a mensagem de Natal do primeiro-ministro, acrescentando que Passos Coelho tentou “enganar” os portugueses sobre os resultados da sua política e aquilo que podem esperar do futuro.
“Aquilo que hoje ouvimos é uma declaração patética em que, no essencial, se pode perceber que o primeiro-ministro procurou enganar, mentir aos portugueses sobre aquilo que tem sido o resultado da sua política e, sobretudo, das perspectivas de futuro”, declara o dirigente comunista Jorge Cordeiro, que sublinha que “talvez a única afirmação verdadeira” de Passos Coelho tenha sido a “de que 2013 será um ano de grandes sacrifícios”.
Para o PCP, “de facto 2013 será de grandes sacrifícios, como 2012 já o foi e como 2014 será ainda mais, se não for interrompida esta política”. O próximo ano será “sobretudo um ano sacríficos, de austeridade, de mais dificuldades, de mais empobrecimento, de mais desemprego e mais falências, sem que daí resulte nada para o país que não seja o prosseguimento neste rumo de afundamento e de declínio económico e social”, diz Jorge Cordeiro, que faz parte do comité central comunista.
“E creio que se pode dizer, com algum rigor, que, sendo uma declaração de alguém que tem consciência de que já é passado, simultaneamente, encontra-se obstinado em levar até ao fim a sua obra de destruição do país, e sobretudo de favorecimento dos grandes interesses do capital da banca e dos chamados 'mercados financeiros'; tem necessariamente que ver na resposta dos trabalhadores e do povo a atitude, a única atitude capaz de lhe corresponder”, acrescenta, apelando à luta contra a política em curso, e pela derrota do Governo.
BE prevê mais sacrifícios
O coordenador do BE João Semedo lembra, num comentário à mensagem de Natal do governante, que os portugueses já conhecem a “habilidade” do primeiro-ministro de prometer o fim da crise e isso se traduzir em mais sacrifícios.
“Não é a primeira vez que Pedro Passos Coelho promete o fim da crise e, sempre que o fez, ficou sempre por cumprir esta promessa e foi sempre mais austeridade e mais sacrifícios aquilo que se seguiu. Os portugueses conhecem esta habilidade de Pedro Passos Coelho”, diz João Semedo.
Assim, para o Bloco de Esquerda, neste Natal, o primeiro-ministro voltou mais uma vez a prometer “prosperidade e felicidade, mas os portugueses bem sabem que, em 2013, o que terão será mais impostos, mais sacrifícios, mais desemprego, mais pobreza”, além de “um corte generalizado nas pensões, e um corte muito profundo no orçamento dos serviços públicos, na escola pública e no serviço nacional de saúde” que o Governo “está a preparar”.
João Semedo insiste ainda em que “não é verdade”, ao contrário do que afirmou o primeiro-ministro, “que a austeridade e os sacrifícios estejam a ser repartidos por igual”.
“Pedro Passos Coelho e o seu Governo têm protegido os bancos e os mais poderosos, e têm sobretudo sacrificado os mais de três milhões de portugueses que têm rendimentos inferiores a 400 euros. Essas têm sido as principais vítimas da crise e os principais sacrificados pela política de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas”, sublinha, considerando que o primeiro-ministro tratou esses mais de três milhões de portugueses “como se de ricos se tratassem”.
Por outro lado, diz ainda Semedo, “também não é verdade” que o Governo tenha reformado a economia. “Os resultados destas mudanças na economia estão à vista, mais falências e mais desemprego, essas são as reformas de que Pedro Passos Coelho se pode orgulhar”, afirma.
“O que nós dizemos é que esta política é exactamente o contrário de sair da crise. É mais défice, mais dívida e mais crise”, afirma, sublinhando, que os portugueses, porém, “não se resignam” e “não se deixam enganar por sucessivas promessas de um amanhã de felicidade e prosperidade”.
“Os portugueses já perceberam que, para tirar o país da crise, é necessário mudar de política e, para mudar de política, é preciso acabar com a troika e demitir o Governo”, considera.
O primeiro-ministro afirmou, na terça-feira, que são grandes os "desafios" e "tarefas" de 2013 e que, embora a crise não esteja vencida, estão lançadas "as bases de um futuro próspero", e cumprida a "esmagadora maioria" do programa da troika.
"No momento em que se aproxima o final de um ano de grandes sacrifícios para os portugueses, sabemos que ainda não pusemos esta grave crise para trás das costas. Mas também sabemos que já começámos a lançar as bases de um futuro próspero. Ainda não podemos declarar vitória sobre a crise, mas estamos hoje muito mais perto de o conseguir", afirmou Pedro Passos Coelho, na mensagem de Natal aos portugueses.