Lagarde pede à Alemanha que adie cortes e compense a austeridade no Sul

Directora-geral diz que, no futuro, o FMI pode deixar de colaborar financeiramente no resgate.

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A directora-geral do FMI diz que Alemanha não deve tentar alcançar o "défice zero" tão rapidamente Stephen Jaffe/AFP

Numa entrevista que será publicada na quinta-feira no semanário alemão Die Zeit, Christine Lagarde afirma que o Governo alemão pode "permitir-se avançar mais devagar do que outros na consolidação". Desta forma, sustenta, a Alemanha poderia minimizar "os efeitos negativos sobre o crescimento" que resultam dos cortes orçamentais nos países em crise.

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Numa entrevista que será publicada na quinta-feira no semanário alemão Die Zeit, Christine Lagarde afirma que o Governo alemão pode "permitir-se avançar mais devagar do que outros na consolidação". Desta forma, sustenta, a Alemanha poderia minimizar "os efeitos negativos sobre o crescimento" que resultam dos cortes orçamentais nos países em crise.

O Governo alemão aprovou recentemente os planos para o Orçamento do Estado de 2013, nos quais se compromete a anular o défice orçamental durante os próximos três anos. Para Christine Lagarde, enquanto que a "tarefa" para alguns implica continuar os ajustes orçamentais, no caso da Alemanha significa não tentar alcançar tão rapidamente o "défice zero". 

Em 2013, defende Lagarde, a economia global vai registar um maior ritmo de crescimento, graças à retoma do dinamismo económico nos EUA e ao papel da China e de outras economias emergentes. No que toca à zona euro, que actualmente se encontra em recessão, o clima económico também deve melhorar, diz a directora-geral do FMI, que aponta, no entanto, para "tarefas" pendentes dos líderes europeus.

Deste rol de tarefas pendentes, Lagarde destaca a introdução de um programa "completamente funcional" de compra de títulos da dívida soberana por parte do Banco Central Europeu (BCE) e a concretização da união bancária.

A directora do FMI reconhece ainda que nem sempre tem sido fácil "encontrar um consenso" entre o FMI e a União Europeia. referindo-se às conhecidas divergências em torno do último acordo para reestruturar as contas públicas da Grécia.

Neste contexto, Lagarde considera que, no futuro, é possível que o papel do FMI passe apenas pela supervisão dos programas de reformas dos países da zona euro sem colaborar financeiramente para os resgates. O FMI "não tem que se comprometer financeiramente em todos os casos", sustentou Lagarde.

 Notícia corrigida às 17h39 - Alterada data da entrevista a Christine Lagarde