Índia revolta-se por caso de violação em grupo num autocarro
Caso de violação brutal num autocarro que circulava em Nova Deli levou a manifestações violentas pedindo penas mais duras para os violadores e mais segurança para as mulheres.
A rapariga sofreu ferimentos internos tão profundos que foi já submetida a duas cirurgias, uma delas para retirar o intestino. Está em coma induzido.
A Índia viu já casos brutais de violação. Houve o de um jornalista que ao testemunhar uma violação em grupo chamou um operador de câmara que filmou o ataque, durante 45 minutos, sem fazer nada. Houve o caso de uma adolescente de treze anos, violada e atacada por quatro rapazes, deixada também à beira de uma estrada, que foi depois sendo violada sucessivamente por todos os que a encontravam – dois outros homens, um condutor de riquexó, um condutor de camião e um cúmplice que a mantiveram em cativeiro nove dias.
Mas desta vez o nível dos protestos foi maior, e este sábado houve mesmo confrontos entre manifestantes pedindo mais segurança para as mulheres e a polícia, que acabou por usar gás lacrimogéneo.
Figuras importantes da sociedade indiana fizeram-se ouvir.
“O que está errado na nossa sociedade?” perguntava no Facebook o actor de filmes de Bollywood Amitabh Bachchan.
Depois de visitar a vítima, a líder do Partido do Congresso (no poder), Sonia Ghandi, falou da “regularidade dolorosa” destes acontecimentos e criticou o facto de “as nossas filhas, irmãs, mães, não estarem seguras na capital”.
A escritora indiana Arundhati Roy disse que a violação é parte de uma “questão de direito feudal” em que a mulher é vista como propriedade e argumenta que este caso foi diferente porque a vítima é de classe média.
Neste caso, foram detidos quatro suspeitos, com idades entre 25 e 33 anos, incluindo o condutor do autocarro, um vendedor de frutas e um instrutor de ginásio.
O Governo já prometeu uma série de medidas: proibição dos autocarros terem as janelas cobertas com cortinas ou tinta, obrigatoriedade de identificação bem visível do motorista, presença de polícias à paisana, mais patrulhas nocturnas e penas de prisão perpétua para os atacantes. Mas os manifestantes dizem que isto não é suficiente, exigindo a pena de morte para estes ataques.
De qualquer modo, os críticos dizem que alterar a legislação terá consequências em muito poucos casos, já que na maioria não é apresentada queixa, e quando é, muitos casos demoram entre 10 a 15 anos a chegar a tribunal, e a percentagem de condenações é de apenas 34,6%.
Ainda esta semana, um centro de estudos indiano publicou um relatório segundo o qual pelo menos 20 homens acusados de violação se candidataram a eleições nos últimos 5 anos.
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A rapariga sofreu ferimentos internos tão profundos que foi já submetida a duas cirurgias, uma delas para retirar o intestino. Está em coma induzido.
A Índia viu já casos brutais de violação. Houve o de um jornalista que ao testemunhar uma violação em grupo chamou um operador de câmara que filmou o ataque, durante 45 minutos, sem fazer nada. Houve o caso de uma adolescente de treze anos, violada e atacada por quatro rapazes, deixada também à beira de uma estrada, que foi depois sendo violada sucessivamente por todos os que a encontravam – dois outros homens, um condutor de riquexó, um condutor de camião e um cúmplice que a mantiveram em cativeiro nove dias.
Mas desta vez o nível dos protestos foi maior, e este sábado houve mesmo confrontos entre manifestantes pedindo mais segurança para as mulheres e a polícia, que acabou por usar gás lacrimogéneo.
Figuras importantes da sociedade indiana fizeram-se ouvir.
“O que está errado na nossa sociedade?” perguntava no Facebook o actor de filmes de Bollywood Amitabh Bachchan.
Depois de visitar a vítima, a líder do Partido do Congresso (no poder), Sonia Ghandi, falou da “regularidade dolorosa” destes acontecimentos e criticou o facto de “as nossas filhas, irmãs, mães, não estarem seguras na capital”.
A escritora indiana Arundhati Roy disse que a violação é parte de uma “questão de direito feudal” em que a mulher é vista como propriedade e argumenta que este caso foi diferente porque a vítima é de classe média.
Neste caso, foram detidos quatro suspeitos, com idades entre 25 e 33 anos, incluindo o condutor do autocarro, um vendedor de frutas e um instrutor de ginásio.
O Governo já prometeu uma série de medidas: proibição dos autocarros terem as janelas cobertas com cortinas ou tinta, obrigatoriedade de identificação bem visível do motorista, presença de polícias à paisana, mais patrulhas nocturnas e penas de prisão perpétua para os atacantes. Mas os manifestantes dizem que isto não é suficiente, exigindo a pena de morte para estes ataques.
De qualquer modo, os críticos dizem que alterar a legislação terá consequências em muito poucos casos, já que na maioria não é apresentada queixa, e quando é, muitos casos demoram entre 10 a 15 anos a chegar a tribunal, e a percentagem de condenações é de apenas 34,6%.
Ainda esta semana, um centro de estudos indiano publicou um relatório segundo o qual pelo menos 20 homens acusados de violação se candidataram a eleições nos últimos 5 anos.