Professores receiam retrocesso nos resultados a Matemática
Associação de Professores de Matemática contesta opções do Ministério da Educação e Ciência.
Em comunicado, a direcção da APM considera que as metas curriculares, que começarão a ser obrigatórias a partir do próximo ano lectivo, não só “contrariam substancialmente o programa de Matemática do ensino básico”, que começou a ser implementado em 2010, como se traduzem na “desvalorização de capacidades de exigência cognitiva mais elevada, como a compreensão e a aplicação de conhecimentos e a resolução de problemas”. Em vez destas componentes, acrescenta a APM, privilegia-se “a memorização dos factos e procedimentos”.
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Em comunicado, a direcção da APM considera que as metas curriculares, que começarão a ser obrigatórias a partir do próximo ano lectivo, não só “contrariam substancialmente o programa de Matemática do ensino básico”, que começou a ser implementado em 2010, como se traduzem na “desvalorização de capacidades de exigência cognitiva mais elevada, como a compreensão e a aplicação de conhecimentos e a resolução de problemas”. Em vez destas componentes, acrescenta a APM, privilegia-se “a memorização dos factos e procedimentos”.
Segundo a APM, esta inversão poderá comprometer os resultados que os alunos portugueses têm vindo a obter nos estudos internacionais que avaliam as competências matemáticas das crianças e jovens. A associação lembra, a propósito, que os resultados do último estudo TIMMS destinados a alunos do 4.º ano, e em que participaram 52 países, mostram que os níveis mais elevados do desempenho das crianças portuguesas foram precisamente nos domínios “Aplica o conhecimento e compreensão para resolver problemas” e “Aplica conhecimento e compressão em situações relativamente complexas e explica o raciocínio”.
“Na verdade – acrescenta-se no comunicado da APM –, o desempenho dos alunos portugueses supera largamente as médias internacionais nestes dois níveis: enquanto cerca de 40% dos alunos portugueses atingiu o nível elevado, os valores internacionais rondam os 28%”.
No estudo TIMMS, que avalia as competências a Matemática, Portugal ficou, em 2011, em 15.º lugar, quando em 1995 tinha sido relegado para a 37.ª posição. A APM saúda esta evolução, frisando que esta se deve, em grande parte, “ao trabalho de sala de aula, com um continuado investimento na melhoria das aprendizagens, levado a cabo pelos professores”.
Este trabalho, acrescenta-se, foi reforçado com os programas de formação destinados a professores da disciplina e com os planos de acção para a Matemática lançados entre 2005 e 2009.