Reino Unido dá luz verde a técnica polémica de exploração de gás
Governo britânico autoriza retoma do fracking - a injecção de químicos e água sob pressão a grandes profundidades - depois de concluir que o risco sísmico pode ser controlado.
A técnica envolve a injecção de água e químicos sob pressão a grandes profundidades, de modo a fracturar camadas de rocha onde o gás natural está aprisionado. Com isso, é possível o acesso a novas reservas de combustíveis fósseis.
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A técnica envolve a injecção de água e químicos sob pressão a grandes profundidades, de modo a fracturar camadas de rocha onde o gás natural está aprisionado. Com isso, é possível o acesso a novas reservas de combustíveis fósseis.
Dois pequenos sismos ocorridos durante prospecções na região de Lancashire tinham, porém, levado à suspensão da única operação do género em curso no Reino Unido, em Maio de 2011.
Na sequência de vários estudos feitos desde então, o Governo decidiu esta quinta-feira autorizar a retomada das explorações com a técnica <i>fracking</i>, sujeitas a controlos sobre a actividade sísmica.
“A minha decisão baseia-se em provas. Surge após um detalhado estudo da mais recente investigação científica e o aconselhamento dos maiores especialistas nesta matéria”, justifica o secretário britânico de Energia e Alterações Climáticas, Edward Davey, citado num comunicado do Governo.
Depois dos pequenos sismos ocorridos em Lancashire, o Governo encomendou estudos e realizou uma consulta pública, concluindo que “o risco sísmico associado ao<i>fracking</i> pode ser eficazmente gerido com controlos”.
Uma avaliação realizada pela Real Sociedade – a principal agremiação científica do Reino Unido – juntamente com a Real Academia de Engenharia concluiu, em Junho passado, que a técnica representa um risco sísmico baixo. O parecer, no entanto, alerta para a necessidade de uma “monitorização robusta” e de regulamentação própria.
A técnica tem sido contestada pelos receios não só de sismos, como de contaminação da água subterrânea. A libertação de metano para a atmosfera também preocupa, dado que se trata de um gás que contribui para o aquecimento global. O Governo britânico encomendou, agora, um estudo sobre este potencial efeito.
Quanto aos sismos, serão introduzidas várias medidas preventivas, como a avaliação prévia do seu risco e da existência de falhas, a monitorização antes, durante e depois da operação, e um sistema de alerta que interrompa os trabalhos se houver algum sinal de alarme.
“O gás de xisto representa uma promissora nova fonte de energia para o Reino Unido”, afirma Edward Davey. “Pode contribuir significativamente para a nossa segurança energética, reduzindo a nossa dependência do gás importado, à medida em que caminhamos para uma economia de baixo carbono”, completa.
A exploração de gás e de petróleo aprisionado em determinadas formações rochosas, como o xisto, promete transformar o mercado da energia nos próximos anos. Na América do Norte, a sua exploração tem subido em flecha, o que provocou uma queda substancial nos preços do gás natural.
A Agência Internacional de Energia prevê que, graças ao que chama de “revolução não-convencional” na exploração dos combustíveis fósseis, os Estados Unidos tornem-se o maior produtor de petróleo entre 2020 e 2030, ultrapassando a Arábia Saudita. Até há alguns anos, a produção de petróleo no país estava a cair, fruto do esgotamento das reservas convencionais. Agora, as novas reservas já são responsáveis por 3,2 milhões de barris de petróleo por dia.