Aires Mateus vão desenhar Centro de Criação Contemporânea de Tours
A dupla de arquitectos portuguesa foi escolhida entre mais de 100 candidaturas.
Os arquitectos portugueses foram escolhidos entre mais de 100 candidaturas, depois de avaliados os projectos de quatro ateliers finalistas, entre os quais dois franceses e um espanhol.
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Os arquitectos portugueses foram escolhidos entre mais de 100 candidaturas, depois de avaliados os projectos de quatro ateliers finalistas, entre os quais dois franceses e um espanhol.
Em declarações à Lusa, em Paris, à margem da apresentação do projecto à imprensa francesa, Manuel e Francisco Aires Mateus consideraram que este é um projecto “muito importante, enorme, sob todos os pontos de vista” e “muito interessante”, sobretudo porque o desenho com que o atelier venceu este concurso internacional está “em aberto” e vai ser discutido e trabalhado por todos os parceiros, desde os representantes do poder local, até aos interlocutores ligados às artes.
“Este é um projecto determinante para a cidade, é um projecto [em torno do qual] todas as organizações do poder político e cultural de Tours se unem. A presença de Olivier Debré é um motor muito forte”, explicou Manuel Aires Mateus.
E, talvez por isso, acrescentou Francisco Aires Mateus, existe, da parte de todos os parceiros, uma “energia” e uma “vontade” de que este seja “um processo aberto, discutido, para se encontrar o que todos querem”.
“O melhor que nos pode acontecer é ter parceiros que estão verdadeiramente interessados em desenvolver connosco um projecto, e capacitados para fazê-lo. Trabalhar com a memória de alguém é extremamente difícil, não especialmente para a arquitectura, mas para todos os agentes envolvidos. Num certo sentido, este é um trabalho que nos responsabilizará igualmente a todos e é fundamental que seja sério, exigente”, disse ainda Francisco Aires Mateus.
Projecto em aberto
Por seu turno, Manuel Aires Mateus considerou que o projecto que serve agora de base para o centro que deverá abrir portas em 2015, na zona histórica de Tours, “é uma hipótese que tem algumas soluções encontradas, mas outras que necessitam de ser esclarecidas”.
O projecto mantém e recupera a fachada da antiga Escola de Belas-Artes, que data dos anos de 1950, e, aproveitando a estrutura do edifício antigo, constrói um segundo espaço, destacado do primeiro, mas numa lógica de conjunto, garantida por uma ampla faixa de vidro que faz a junção dos dois elementos.
“Destacámos o edifício da nave histórica, que é guardada como um grande vazio, para possibilitar todo o tipo de intervenções. O edifício novo vai ter, fundamentalmente, uma área de exposições mais tradicional, um espaço fechado, e um espaço em dupla altura, que é desenhado pela presença de uma série de pequenos espaços à volta, e do desenho da luz que vem da cobertura”, explicou Manuel Aires Mateus.
Francisco Aires Mateus destacou ainda que “é importante dizer que este elemento de ligação - o vidro - é também um prolongamento da cidade, seja porque acompanha geometrias aí existentes, seja porque o pavimento da cidade vai entrar para dentro do museu”.
“A ideia é assegurar esta permeabilidade entre uma casa de Cultura e de Arte, e a própria cidade”, concluiu.
O Centro de Criação Contemporânea é um dos primeiros de Arte Contemporânea criados em França, no início dos anos de 1980. Desde a sua abertura, o CCC já expôs obras de mais de 400 artistas de diversas nacionalidades.