Editora de Rafael Marques arguida por publicar Diamantes de Sangue
Bárbara Bulhosa, da Tinta-da-China, será ouvida no DIAP em Janeiro por causa de acusações do jornalista angolano a generais ligados a empresas de diamantes no livro Diamantes de Sangue.
Em causa está uma investigação de anos feita por Rafael Marques, e publicada no livro, sobre empresas de extracção mineira nas Lundas angolanas, onde vários generais são acusados de cumplicidade com a violação de direitos humanos. No livro publicado em 2011, Marques denuncia ainda "a promiscuidade entre poder político-militar e o negócio dos diamantes".
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Em causa está uma investigação de anos feita por Rafael Marques, e publicada no livro, sobre empresas de extracção mineira nas Lundas angolanas, onde vários generais são acusados de cumplicidade com a violação de direitos humanos. No livro publicado em 2011, Marques denuncia ainda "a promiscuidade entre poder político-militar e o negócio dos diamantes".
Bárbara Bulhosa será ouvida em Janeiro pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa.“Li o livro, achei que estávamos perante uma investigação séria”, disse nesta sexta-feira ao PÚBLICO. “A minha posição é essa: reconheço a credibilidade do trabalho de Rafael Marques e por isso publiquei-o.”
Rafael Marques foi recentemente constituído arguido num processo-crime aberto em Portugal, acusado de difamação por generais angolanos e empresas que operam nas zonas diamantíferas em Angola – a Sociedade Mineira do Cuango e TeleService, empresa que já abandonou a zona de extracção de diamantes.
Em entrevista ao PÚBLICO, em Novembro, o jornalista revelava que, desse grupo que abriu o processo-crime, constavam o general Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, ministro de Estado e chefe da casa militar da Presidência da República, o general António dos Santos França “Ndalu”, deputado do MPLA e presidente da De Beers em Angola, empresa sul-africana de diamantes, entre outros.
O mesmo grupo de pessoas, disse na altura, já tinha sido acusado anteriormente pelo jornalista “dos mesmos crimes, embora de factos por vezes diferentes”. Marques acrescentou ainda: “Este caso em Portugal apareceu depois de uma queixa-crime que eu apresentei em Luanda, em Novembro de 2011, denunciando os generais por crimes contra a humanidade” – queixa esta que acabaria por ser arquivada pela justiça angolana.
Rafael Marques é jornalista de investigação, reconhecido internacionalmente, e tem escrito no site Makangola sobre corrupção e violação de direitos humanos em Angola.